Um dos primeiros posts de Claquete foi sobre Closer-perto demais. Na verdade, o filme foi a primeira lembrança da extinta seção “Filme do dia”, na inauguração do Blog. Essa coincidência não foi por acaso. Mesmo que não se concorde com o título de melhor filme da década, é preciso reconhecer o quanto o filme de Mike Nichols é expressivo, brutal, verdadeiro e insidioso. Poucas vezes o amor foi abordado de maneira tão crua e desapaixonada em um filme antes. E não é só o amor a matéria prima de Closer. Os relacionamentos, e a dinâmica rocambolesca que os caracterizam, constituem o filme como um elaborado - e por que não esmiuçado - estudo sobre os desmandos do ego, superego e demais conceitos que parecem interessar apenas a psicólogos e terapeutas.
A atemporalidade de Closer se verifica não só pela universalidade do tema central, mas pela acuidade do registro. O texto de Patrick Marber, adaptado da peça de sua própria autoria, é de um vigor arrebatador. Mas não é só. A direção de Mike Nichols otimiza esse texto maravilho e propicia que outro componente fundamental brilhe: o elenco. Clive Owen, Jude Law, Julia Roberts e Natalie Portman vivem aqui, possivelmente, seus melhores momentos como intérpretes. Eles, literalmente, dão vida aos conflitos e dilemas aventados pelo roteiro.
Personagens que não provocam empatia, mas falam ao espectador
Jogar luz sobre o lado obscuro de um sentimento geralmente retratado de maneira lisonjeira, idílica e, diriam alguns, até mesmo fabular, requer coragem e conteúdo. Closer, com seus diálogos secos, sua desenvoltura contida, sua moral desconectada e sua tensão aflorida transborda coragem e, certamente, apresenta conteúdo de sobra. É um filme que se comunica com o espectador toda a vez que se volta a ele. E seu significado, embora permaneça dentro de uma espiral de coerência, varia de acordo com a maturidade emocional do espectador. Não é uma obra fácil, não é de provocar empatia, os personagens não são agradáveis, seus dramas não são edificantes e o desfecho, certamente, não traz nenhuma apoteose. Essa opção pelo não convencional ajuda a ajustar Closer como o filme mais significativo da década. Além da excelência em todos os quesitos já abordados, o filme aposta em uma estética que emula o teatro, sem renunciar a certos meandros narrativos típicos do cinema. Contudo, a fita não é um produto convencional em termos de estruturação. Rotulá-lo, portanto, como “um ótimo trabalho de elenco”, “teatro filmado” ou “apenas um grande roteiro” é desviar-se de uma análise mais fundamentada e ir ao encontro de percepções simplistas e limitadas.
Um filme que dispensa rótulos, mas que alguns costumam chamar de "o mais adulto filme hollywoodiano dos últimos tempos"
Mas Closer-perto demais é o melhor filme da década, talvez, por que prescinda de todo esse embasamento. É uma experiência demolidora. Um filme que dá prazer de ver, ao cinéfilo, agonia, ao enamorado e desencantamento, ao ser humano. Se outro filme na década conseguiu reunir essas sensações durante duas horas e reproduzi-las toda vez que se volte a ele, que se apresente.
Oi Rei ,eu não podia deixar de comentar uns dos meus filmes favoritos,a trilha sonora é bela !
ResponderExcluirParabéns pelo blog ,esta cada dia mais encorpado ,saudades.
beijos
Closer é um excelente filme, mereceu estar no pódio!
ResponderExcluiròtima crítica sobre o longa! xD
É um dos filmes mais tocantes que já assisti.É um dos poucos filmes que não fala apenas do lado fantasioso do amor,mas mostra o outro lado dele também.É um dos meus flmes favoritos,e a música é marcante e linda.
ResponderExcluirBeijos para meu jornalista favorito.;)
Oi Reinaldo!
ResponderExcluirExcelente crítica sobre o filme. Concordo com vc, de fato merece o primeiro lugar. A trilha sonora é uma delícia e pela primeira vez vi Julia Roberts em uma atuação digna e convincente.
Parabéns pela escolha.
Gostaria de acrescentar que li o texto sobre 'Bastardos inglórios" e tb assino embaixo, excelente sua escolha e foi para mim o melhor filme de 2009. Tarantino em plena forma, seus diálogos são um primor de qualidade, perfeitos e afinadíssimos ao longo de toda a trama.
Gostei tb Reinaldo dos cinco filmes de FFC que vc indicou. De todos não vi "Conversação". Quanto aos outros, so "Peggy Sue" que não gostei. Achei fraco, devagar e monôtono. Já "Drácula" é um grande filme.
E como vc havia nos adiantado JB ganhou o prêmio de melhor ator em Cannes. Bacana. Gostei.
Um beijinho carinhoso.
Uau!
ResponderExcluirAdorei seu texto. De verdade.
E amei ver o "Closer" como o melhor da década, é um dos meus filmes preferidos. Principalmente porque é um filme em camadas como vc bem colocou no texto, da última vez que assisti, nas férias de janeiro, notei coisas que não havia visto da primeira vez - acho que até conversamos sobre isso...
E, não poderia deixar de observar, sua lista ficou perfeita! O especial sobre os melhores filmes da década ficou muito bom: adorei os gráficos e tudo o mais.
Beijo grande
Eu adorei sua crítica, eu amo esse filme, e concordo com tudo que você escreveu, na verdade quase tudo, não acho o melhor filme da década, mas como ainda não vou pensar em um rápido pra te apresentar, então fica assim mesmo ahuahua...
ResponderExcluirOutro dia passo aqui e digo, minha memória é horrivel.
Beijo
Oi Reinaldo,
ResponderExcluirPerfeita crítica. De fato, eu não saberia dizer se ele é o melhor filme da década porque não pensei ainda muito em quais seriam os meus filmes da década, mas tenho que afirmar que sim, CLoser é um dos melhores filmes da década porque ele fala exatamente do "desencantamento" ao qual se refere. Na verdade, essa palavra é uma bela escolha porque o amor idealizado da forma que sempre foi ensinado a ser idealizado é uma grande besteira. O amor é o sentimento mais sadomaso que existe e um dos mais decepcionantes. É bom sentí-lo? Divino, mas há muita dor nisso. Por isso gosto muito do personagem de NAtalie Portman, na minha opinião,ela é a melhor dos quatro porque também lhe cabe um papel mais ingrato. Ser rejeitado(a) é uma dor demolidora.
Bjs
Luciana: Obrigado lu. Closer é Closer né?!!!! bjs
ResponderExcluirAlan: Valeu pelo apoio Alan!
Pat: Valeu Pat! Este é realmente um dos filmes mais tocantes que já vi tb. Estou ficando convencido com esse tratamento vip hein! rsrs.Beijos!
E deu Bardem né?! rsrs Beijos
Cintia: Obrigado pelo apoio e carinho Cintia. Realmente Closer é um primor de cinema e fico imaginando como alguns membros da academia devem ter se arrependido de dar o Oscar para Julia três anos antes por Erin Brockovic.
Quanto a Bastardos, mais um para o rol de concordâncias.
Vc tem que ver A conversação. Na minha opinião é o melhor filme de Coppola depois da trilogia O poderoso chefão.
Aline: Poxa Aline, obrigado mesmo. Esse apêndice dos 25 melhores filmes da década talvez tenha sido o post que me deu mais trabalho até hoje. Fico feliz que tenha apreciado-o a ponto de tecer o elogio. Valeu pela atenção.
ResponderExcluirQuanto ao filme, é bem isso aí. Não tinha como ocupar outra posição... bjs
Mila: Fico esperando o melhor da década by Mila então! Valeu mesmo pelos elogios! Beijos!
Madame: É sempre difícil hierarquizar filmes por qualidade. As propostas são diferentes. O contexto, os critérios... enfim, mas é um exercício cinéfilo interessante. Creio que todos os filmes da lista reúnem condições de estarem em primeiro lugar. Há, ainda, outros tantos filmes maravilhosos que não entraram na lista. As horas, Amor sem escalas, A fronteira do alvorada, Tropa de elite, Jogo de cena, Elefante... enfim, teria muito mais por aí. Mas penso, que dentro de um contexto histórico (tendo os últimos dez anos como base) esses 25 filmes foram mais, na falta de termos melhores, impactantes e absolutos.
E concordo contigo em relação a personagem de Natalie. Aliás, os quatro personagens dão material para discussões profundas.
Beijos
Mais lúcida e madura que a sua crítica, só o filme mesmo!
ResponderExcluirApesar de nunca gostar de listas que se intitulam "Os melhores" e preferir a designação "Os grandes" ou "Aqueles que merecem ser vistos" (porque acredito que o que se pensa hoje, pode não o ser mais daqui a poucos minutos), gostaria de parabenizar essa tua lista e essa tua dedicação pelo cinema - pelo seu meticuloso empenho (e tempo gasto!) em cada postagem do teu blog.
É por tudo isso que adiciono o Claquete Cultural ao Dialogando Cinema.
Um abraço.
Dialogandocinema: Obrigado pelo reconhecimento e pelas palavras encorajadoras. Fico honrado que sinta-se entusiasmado a linkar meu blog lá no seu. Valeu mesmo!
ResponderExcluirQuanto ao seu ponto de vista, eu concordo que soe arrogante e indevido uma lista de melhores, mas julgo que esses 25 filmes tenham sido os mais expressivos e representativos da década. É lógico que grandes filmes ficaram de fora, mas essa é uma contingência desse exercício cinéfilo despretnsiosamente pretensioso...
ABS