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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Cantinho do DVD

Cantinho do DVD de hoje destaca um grande sucesso de público e crítica. Coincidentemente, produzido no mesmo ano da indicação da semana passada (Gran torino). A razão do destaque concedido a Batman - o cavaleiro das trevas foi fazer uma homenagem a amiga cinéfila, e presença constante neste blog, Cintia. É para você que dedico esta critica minha vascaína querida. Beijos!

* Atenção: A crítica foi escrita à época do lançamento do filme.

Estudo sobre as fronteiras da humanidade
Nova aventura do homem morcego sob as rédeas de Christopher Nolan reverbera sobre o papel do homem, do estado e da distância entre as boas intenções e o resultado que advém delas

Depois de uma longa e excitante espera, Batman - o cavaleiro das trevas (Batman -the dark Knight EUA 2008) continuação da reimaginação do homem morcego orquestrada por Chris Nolan em Batman Begins, finalmente chega às telas de cinema de todo o mundo.E chega bem. O filme quebrou o recorde que pertencia a Homem aranha 3 de maior bilheteria de abertura da história. O cavaleiro das trevas faturou mais de 158 milhões de dólares só no primeiro fim de semana em cartaz na América do Norte. O que pode ser apontado como o triunfo de uma elaborada campanha de marketing, denota também a sintonia entre o anseio de critica e público.
O cavaleiro das trevas é um filme baseado em HQ. Mas, Christopher Nolan e seu irmão Johnatan, que ajudou na confecção do roteiro, não se limitaram a gravitar no já rico e extenso universo propiciado pelos quadrinhos. Injetaram adrenalina como jamais experimentada em um filme de herói antes. Uma adrenalina que a despeito das boas cenas de ação, não brota daí, e sim, do poderoso conflito psicológico engendrado entre os personagens principais dessa história sombria.
O cavaleiro das trevas se inicia pouco depois dos eventos mostrados em Batman begins. Testemunhamos um Batman ainda perseguido pelas incertezas a respeito de seus atos como vigilante e de suas ações como ser humano. O que é facilmente mimetizado na cena em que vemos surgir vários Batmans, armados tentando proteger Gotham. O próprio surgimento do Coringa parece ser uma reação ao surgimento do vigilante. Algo que Nolan já acenara com o clássico desfecho de Batman Begins.
Batman e o tenente Gordon continuam sua cruzada para limpar as ruas de Gotham de todo o tipo de escória criminosa. Veem, assim como a população da cidade, em Harvey Dent um potencial e bem- vindo aliado. O promotor de justiça do distrito demonstra energia no combate ao crime e é dono de carisma e inteligência incomuns. E é justamente quando tudo parece dar certo, que surge o coringa, um ás da máfia para o intransigente Batman e o incorruptível Gordon.
Muito tem se visto na critica americana comparações entre o filme e produções exemplares do calibre de Fogo contra fogo, Seven e O poderoso chefão. De fato, o filme carrega similaridades com essas fitas devido a natureza de sua trama e subtramas, mas assim
o fazem, muitos outros filmes menos notórios. Batman- o cavaleiro das trevas, no entanto, se sustenta a despeito de comparações. O filme é, na verdade, um elaborado estudo dos limites da civilidade. Algo também abordado nos três filmes citados, mas sem a profusão que aqui se encontra. Nolan aproveita o farto material que o herói apresenta para aprofundar a discussão sobre o peso da responsabilidade de nossos atos. De nossas escolhas e de como estas podem se desdobrar invariavelmente em más escolhas, por força das circunstancias. Pode parecer casuísta, não é. E não é, por causa do Coringa.
O coringa, na visão de Nolan que Heath Ledger não só ajudou a lapidar, como potencializou com sua soberba atuação , é um instrumento do caos. Um anarquista insandecido e totalmente desprovido de qualquer moral que espalha o caos em Gotham pela simples razão de que pode fazê-lo. E ao fazê-lo, descobre que Batman o completa. Um acréscimo de Nolan a idéia já escopada por Shymalan em Corpo fechado.
O grande trunfo de O cavaleiro das trevas não é seu marketing avassalador. Nem mesmo a rica e diversificada leitura que permite ao espectador. A razão de O cavaleiro das trevas ser a grande atração que é e exercer o fascínio que exerce é Heath Ledger. É inegável que a precoce morte do ator em janeiro agigantou a ansiedade por seu coringa e modificou permanentemente a percepção que dele se tem, mas é inegável também o esmero interpretativo do ator ao criar uma figura tão psicótica e alucinada. Ledger não só ajudou a criar o visual do coringa, como definiu um timbre de voz esquisitamente frágil e debochado, mas que variava para um tom de horror e ansiedade com velocidade e harmonia impressionantes. Um detalhe que escapa a muitos, mas que ratifica o extremo controle que Ledger tinha de seu personagem. E ele foi além. Seu coringa é histérico sem ser afetado. É amedrontador sem ser ameaçador. É caótico, mesmo sendo metódico. É genial mesmo louco. Ledger entrega a melhor atuação do ano até aqui, e a despeito dos boatos de uma possível indicação póstuma ao Oscar. Ele merece. Seria uma justa homenagem a esse grande ator que nos deixou cedo demais.
O cavaleiro das trevas não encerra seu debate; Nolan permite que se perpetue na mente do espectador. O grande cerne desse debate é o destino do personagem Harvey Dent, defendido bravamente por Aaron Eckhart. Falar sobre isso, no entanto, estraga a experiência de se assistir o filme. Basta dizer que é aí que se visualiza toda a força do comentário político e social que Nolan faz.

3 comentários:

  1. Eu gosto de "Cavaleiro das Trevas", mas não acho um filme GENIAL! Acho que tem sérios problemas em seu roteiro, perde o foco em alguns momentos, mas a obra vale a pena pelo Coringa de Heath Ledger.

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  2. Gosto mais de Aaron Eckhart e, obviamente, o maravilhoso e inesquecível Curinga, Heather Ledge.

    Pra mim, o filme mata o Batman que fica em segundo plano, talvez seja por isso que o filme me falta um pedaço. beijo

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  3. Kamila: Obrigado pelas considerações Ka.
    Eu acho O cavaleiro das trevas um dos melhores filmes que eu já vi.
    Bjs

    Madame: Obrigado pelo comentário madame.

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