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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

ESPECIAL ABRAÇOS PARTIDOS - critica

Entre amores e obsessões, o cinema

O novo filme de Almodóvar é belamente fotografado por Rodrigo Prieto (fotográfo de Brokeback Mountain), mas o grande mérito do filme é a preservação, e elevação, da essência autoral almodovariana


A nova obra de Pedro Almodóvar é um filme de muitas nuances. Até aí não há novidades. É um filme que se desdobra pelo drama, pela comédia e pelo thriller com extrema desenvoltura. Também aí, não há novidades. Mas abraços partidos traz em seu cerne uma homenagem e um questionamento dos mais vistosos. Traz Almodóvar questionando a representatividade do cinema e o legado de sua própria obra. Ao fazer isso, legitima-os com a mais bela das homenagens. Em abraços partidos (Los abrazos rotos ESP 2009) vemos Mateo Blanco (Lluís Homar), diretor de cinema que após ficar cego assumiu definitivamente seu pseudônimo Harry Caine, cuja identidade usava para escrever roteiros, às voltas com sua rotina. Em flashbacks vamos descobrir como Caine ficou cego, como deixou de dirigir e o porquê de retomar seu último trabalho. Posto dessa forma, Abraços partidos já é de uma beleza estupenda e de uma singularidade atraente, mas o filme de Almodóvar não é só isso. É também uma bela e trágica história de amor e obsessões que flerta com o noir, gênero o qual o diretor é fã, o tempo todo.
Mateo se apaixona por Lena (Penélope Cruz), protagonista de seu filme e mulher de um poderoso empresário que nutre por ela um ciúme doentio. O desfecho dessa história resulta em poesia e angústia, tudo potencializado pela extrema capacidade do diretor de elaborar planos belíssimos e de criar momentos cinematográficos de grande prazer. Existem cenas sublimes, como a que o marido traído, após fingir-se de morto, levanta-se abruptamente assustando Lena ao que diz: “Assusta-se quando te toco, mas não se assusta em encontra-me morto”, ou quando esta quando encontra o marido traído com uma leitora de lábios imbuídos em descobrir os tramites da traição, lhe declara em vídeo, e lhe recita, com fervor, cara a cara que ama outro.
Almodóvar realiza um filme que se alimenta do poder das imagens. Das que temos, das que criamos para nós, das que forjamos para atenuar o peso do passado, das que gostaríamos de ter e por último, da que o cinema pode imprimir. Essa é justamente a mensagem mais poderosa a emergir de Abraços partidos. Afinal de contas, como diz Mateo em certa oportunidade: “Os filmes precisam ser terminados, mesmo que às cegas”. Almodóvar, no final das contas, passou em seu próprio teste.

4 comentários:

  1. Eu ainda não pude conferir este filme, desse final de semana não passa. Sou apaixonado por Almodovar, ainda mais por Penelope Cruz.

    abraço e parabéns por trazer este filme aqui!

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  2. Gostei bastante da crítica, embora o meu próprio resultado seja ainda mais animador.
    Abraço!

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  3. Acho que a tua opinião foi a melhor que li sobre esse filme.

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  4. Cris: Vc tem que ver o filme. Quero saber tua opinião. Alias, vc anda me devendo algumas... ABS

    Jackson: Prazer em recebê-lo aqui. Confesso que achei sua frase um tanto enigmática. Volte sempre e espero que goste aqui de Claquete.

    Kamila: Obrigado Ka. Assim vc me ganha de vez. Bjs

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