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domingo, 11 de outubro de 2009

ESPECIAL BASTARDOS INGLÓRIOS - Crítica

O poder do cinema!

5 anos depois de Kill Bill, volume 2, Quentin Tarantino lança seu novo trabalho. Bastardos inglórios ( Inglorious basterds EUA 2009) avaliza um salto de qualidade que muitos já não imaginavam possível na carreira do diretor. A primeira incursão de Tarantino no cinema de guerra, ocorre em grandes estilo. E o diretor, como de hábito em sua carreira, não se atém a um só gênero. Conjuga homenagens e referências cinematográficas com a habilidade de um artesão.
Bastardos inglórios passa-se na França, sob ocupação nazista, do inicio da década de 40. O filme é dividido em cinco capítulos e, como em uma ópera, Tarantino constrói a tensão gradativamente.
No primeiro e , soberbo, capítulo vemos o coronel Hans Landa (Christoph Waltz), conhecido como caçador de judeus, exterminar uma família. Uma menina foge, Shoshana (Mélanie Leurent) e mais adiante, ela teria sua chance de vingança. O interessante nesse capitulo é a forma cadenciada como a ação, e sufocante tensão, se constrói. Desde o uso da música até a alternância entre os idiomas falados, o diretor constrói com invejável esmero uma cena poderosa e desde já inserida entre as mais sublimes do cinema.
Sublime, alias é a palavra de ordem. O elenco está perfeito. Tarantino, por sinal, realiza uma ótima direção de atores. Dirigindo atores de diferente nacionalidades, e em linguas distintas. Só Christoph Waltz fala 4 idiomas durante as 2 horas e meia de filme. Sem perder o ritmo, ou a fluência, da estarrecedora atuação. Mas não é só. O diretor constrói belíssimas cenas. Quer sejam elas pastelizadas pela já esperada dose de violência, quer sejam em virtude do roteiro maravilhosamente escrito, e, ainda mais esplendidamente, encenado.
No segundo capítulo somos apresentados a uma divisão, informal, do exército americano. Os bastardos inglórios do título. Liderados por Aldo “ the apache” Raine (Brad Pitt), eles são conhecidos por sua crueldade no trato com os nazistas. Do terceiro capítulo em diante, presenciamos a ação dos bastardos para por em prática um elaborado plano para pôr fim a guerra. A premiere do mais novo filme propagandista do nazismo estreará em um cinema em Paris (de propriedade da fugitiva Shoshana sob o pseudônimo de Emanuelle). O plano é explodir o cinema com todos dentro. Um plano tanto dos bastardos, quanto de Shoshana.
O fato do climax do filme se passar em um cinema é providencial. É justamente a mais poderosa metáfora do que pretende Tarantino com seu filme. A de, em um primeiro momento, viabilizar a maior catarse coletiva em relação aos eventos da segunda guerra mundial. E, em um segundo momento, exclamar, isso mesmo, exclamar, o poder do cinema. É no cinema, professa Tarantino, que as alternativas existem . É no cinema, que a redenção é possível. No caldeirão metalinguístico do diretor, a despeito de não haver um discurso pacifista em seu filme, sobram boas intenções. A maior delas é reimaginar a resolução da guerra.
E é no cinema, tanto dentro do filme, quanto para nós, que uma realidade, muito mais satisfatória é apresentada.

2 comentários:

  1. Gosto de vê-lo esmiuçar os filmes. E é bom porque isso me desperta pra idéias que vão além daquelas que eu já tinha... Filmão.

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  2. Mesmo se não tivesse assistido o filme, já teria uma ótima ideia sobre a história. Sucintamente, você destrinchou o filme. Ótima análise!

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