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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Critica: O sequestro do metrô 123

A redenção do homem comum!

Essa refilmagem de O seqüestro do metrô 123 (Taking of Pelhan 123, EUA 2009) tem muitos atrativos. O maior deles é obviamente o embate entres os astros Denzel Washington e John Travolta. Contudo, a fita de Tony Scoot tem outros predicados.
O sequestro do metrô 123 busca avidamente o espírito de seu tempo. Distanciar-se do original é aproximar-se da realidade que vivemos. O roteirista Brian Helgeland (Sobre meninos e lobos e O troco) teve o cuidado de enraizar sua trama na modernidade. Um bandido que consulta a internet para observar os efeitos de suas ações no mercado financeiro e um mocinho que não apresenta um currículo indelével são algumas das modificações que ditam o tom do registro.
No filme, Denzel vive Walter Garber, um funcionário do metrô de Nova Iorque que, sob investigações por corrupção, teve sua posição rebaixada dentro da hierarquia da empresa. Ele acaba envolvido numa tensa negociação de reféns. Em parte por ser o operador responsável pela linha do metrô seqüestrado , em parte porque o seqüestrador Ryder (John Travolta) pensa que com um negociador não profissional manter o controle será mais fácil.
O seqüestro do metrô 123 é um eficiente thriller urbano. Existem clichês é verdade, mas o filme, embora carregue certa previsibilidade, funciona como entretenimento graças ao duelo dos atores. Toda a mise- en -scène é montada para valorizar esse confronto. Denzel não precisa fazer muito esforço para cativar, nem mesmo o faz. Está perfeito na pele do homem comum que salva o dia. Travolta, por sua vez, se diverte caricaturando vilões de seu próprio portfólio.
Se há um porém, é a direção estilosa demais de Tonny Scott. O diretor certamente não era o homem talhado para o trabalho. Seu virtuosismo só faz atrapalhar. Scott parece querer rivalizar com seu filme. Chamar as glórias para si. Se essa linguagem funcionava sistematicamente em filmes como Chamas da vingança (também com Denzel), aqui distancia o espectador do conflito emocional que se pretende estabelecer.
Em meio a yuppies raivosos e pessoas que cedem a tentação (talvez o grande comentário, sub-aproveitado por Scott, do filme), quem salva o dia é o cara comum. Com hipoteca, filhos e uma batalha diária chamada casamento. Algo que nenhum filme, por mais interessado que possa estar em apelar à modernidade, pode prescindir.

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