O slogan "não é tv, é HBO" não surgiu do nada. Foi devido a qualidade das produções originais do canal. Voltadas para o público adulto com temática adulta e sofisticada. Duas da séries que mapearam o jeito contemporâneo de se fazer tv são crias do canal. Família Soprano e Sex And the city se colocam na vanguarda de uma produção mais intelectualizada e antenada com a vontade da audiência.
O roteirista e produtor Allan Ball é figura preponderante nesse cenário. São dele a premiada A sete palmos e True blood, cuja segunda temporada estréia essa noite no canal. Ball, homossexual assumido, tem duas obsessões em sua obra, a morte e o preconceito. Ambos já podiam ser vislumbrados em seu primeiro roteiro de cinema, o vencedor do oscar, Beleza americana. Ganharam viço em A sete palmos, série que acompanhava o cotidiano de uma família dona de uma funerária, e alcançam um novo patamar em True Blood.
Aqui, a partir de um universo fantástico e com capacidade de atrair um público maior e mais diversificado, Ball adentra uma mitologia já bastante deflagrada. Mas o faz com uma narrativa e um estilo tão cativantes que é impossível resistir. True Blood não é uma série sobre vampiros propriamente dita. Apesar de os dentuços serem figuras centrais na história, seu cerne é a evolução e como ela é percebida e digerida por uma sociedade belicosa e tão disfuncional como a nossa.
É óbvio que elementos dramáticos são potencializados para o bem da cronologia e da penetração midiática que a série pretende, contudo, a pauta em True Blood é como reagiríamos se o mundo como nós o conhecemos se metamorfosease da noite para o dia. Como fazer uma civilização que já capenga com a ordem social vigente se adaptar? Como lidar com o desconhecido? Como aceitar que não somos mais o topo da cadeia alimentar?
True Blood consegue - ao manejar vampiros e outros seres fantásticos- articular suas idéias bastante filosóficas em uma embalagem pop. É verdade que nem sempre a série acerta o tom, mas quando o faz, é insuperável.
Para quem não acompanhou a primeira temporada, True Blood versa sobre uma realidade em que vampiros e homens convivem mutuamente, depois que os japoneses desenvolveram uma bebida sintética que "libertou" os vampiros de sua necessidade de sangue humano, o tru blood do título, assim mesmo, sem o e. Como em tudo que cerca a humanidade, há aqueles que são pró vampiros e aqueles que são contra. E há vampiros dispostos a conviver pacificamente com humanos e há aqueles que não fazem questão.
No meio disso tudo está Sookie ( Anna Paquin) humana que tem a habilidade - para ela uma maldição - de ler mentes. Só a mente de Bill, o primeiro vampiro a aparecer na cidade, é que ela não consegue acessar. O que imediatamente a aproxima dele. Mas True Blood tem muito mais. E é extremamente injusto com a multifacetada premissa da série reduzi-la a meia dúzia de linhas. Vale a pena como diz a experta vinheta da HBO deixar-se morder por essa série.
Outras dicas:
segunda - feira
22:00 hs ▸▸ Vênus
Filme de ator. Peter o´Toole brilha na pele de um octogenário que se descobre apaixonado por uma mulher mais jovem. O filme evita o ridículo e faz um importante retrato da luta diária que é na terceira idade se manter ativo e disposto.
Quinta - feira
22:00hs ▸▸ Sweeney Todd: O barbeiro demoníaco da Rua Fleet
Musical de terror de tim Burton. Confuso com a definição? Pois é, o cineasta Tim Burton, conhecido por sua habilidade incomum de criar visuais impressionantes, faz aqui um filme sobre vingança com muitas músicas e sangue. Indicado para quem gosta do diretor, ou de Johnny Depp, que aqui canta muito bem.
Sexta - feira
16:00hs ▸▸ A face oculta da lei
Filme de ação que se leva a sério demais. Mas não deixa de ser interessante. Kurt Russel faz veterano policial que nunca se preocupou com a corrupção que corria solta no departamento, mas a convivência com o novo parceiro (Scoot Speedman) o faz mudar de perspectiva.
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