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terça-feira, 30 de abril de 2013

TOP 10 - Dez excelentes comediantes que não são tidos como comediantes


Nada de Alec Baldwin, Sacha Baron Cohen, Ben Stiller ou Jim Carrey. Está na hora de fazer justiça a alguns atores que são ótimos comediantes, mas que por serem ótimos em outras áreas não são lembrados por seus dotes cômicos. Claquete repara essa incorreção história e lista dez excelentes comediantes que você não tinha parado para pensar que são, de um jeito bem especial, comediantes.

10  - Bruce Willis
Willis já esteve em mais comédias do que você consegue lembrar. Do pop Meu vizinho mafioso (1999) ao humor negro de A morte lhe cai bem (1992), passando por fanfarronices como pontas como ele mesmo em Doze homens e outro segredo (2004) e Fora de controle (2008) e comédias como Vida bandida (2001), entre outros. Some-se a isso a desenvoltura com que Willis se apoia na comédia para criar seus personagens em filmes de ação como Duro de matar (1988), Xeque-mate (2006), 16 quadras (2006) e Red – aposentados e perigosos (2010).

9 – Jon Hamm
Por trás do classudo Don Draper da excepcional série Mad men reside um comediante de marca maior. Pouca gente sabe, mas as primeiras incursões de Hamm na TV foram na comédia. Mesmo depois do sucesso obtido com a série mais premiada de todos os tempos, Hamm pôde ser visto em participações hilárias no Saturday Night Live e no seriado 30th Rock.

8 – Brad Pitt
Já está pacificado que Pitt é um baita ator. Foram anos e muitos trabalhos desafiadores para que Pitt conquistasse o respeito e admiração de setores da indústria e da crítica. Um próximo desafio que Pitt poderia se investir era o de provar o ótimo comediante que é. Desde a ótima participação na sitcom “Friends” até as memoráveis composições do idiota rato de academia em Queime depois de ler (2008) e do idiota que escalpa nazistas em Bastardos inglórios (2009), passando por excelentes performances cômicas na trilogia Onze homens e um segredo (em que faz um comilão obsessivo), em Sr. & Sra. Smith (2005) e em Snatch- porcos e diamantes (2000). 

7 – Robert Downey Jr.
Alguma polêmica quanto à presença de Downey Jr. nesta lista? Impossível. Nenhum ator atual consegue convergir tão harmonicamente a gravidade do drama com cinismo e sarcasmo. Downey Jr. em toda aparição pública é um show à parte, mas na tela de cinema é um show inteiro. Prova disso são as duas bilionárias franquias (Homem de ferro e Sherlock Holmes) que carrega nas costas.

6 – Mark Wahlberg
É isso aí! Marky Mark! Quem teve um primeiro contato com a veia humorística de Mark Wahlberg em Ted pode até estranhar sua presença nessa lista, mas Wahlberg já havia se descoberto um homem da comédia há algum tempo. Em 2013 ele mistura ação e risos em Suor e glória, que promete ser dos filmes mais divertidos dos últimos anos, e 2 guns. Para quem precisa correr atrás do prejuízo, recomenda-se Os outros caras (2010), Uma noite fora de série (2010) e Três reis (1999).

Willis é um dos representantes da lista
que além do muque, apresenta tino para o riso
5-  Dwayne “The Rock” Johnson
Ele começou como raspa de tacho da franquia A múmia. Ex- lutador profissional e com uma carreira sólida na TV com filmes de ação, The Rock, que então assumiu de vez o nome Dwayne Johnson, se sedimentou no cinema de ação a partir de 2002 com o spin off de A múmia, O escorpião rei (2002) e filmes como Bem-vindo à selva (2003) e Com as próprias mãos (2004). Meio que sem querer, em 2005, em Be cool – o outro nome do jogo, mostrou que tinha tino para a comédia. Não à toa faz sucesso junto ao público infantil em filmes como Treinando o papai (2007) e A montanha enfeitiçada (2009). Fará dupla com Wahlberg em Suor e glória.

4 – Kevin Spacey
Ator de grife, Spacey é um baita de um comediante. Já fez imitações hilárias de personalidades diversas em talk- shows, criou personagens engraçadíssimos em alguns de seus filmes mais modestos e de suas peças mais disputadas em Londres. Entre seus melhores momentos como comediante no cinema estão O árbitro (1994), O psicólogo (2009), O super lobista (2010) e Quero matar meu chefe (2011).

3- Justin Timberlake
As esquetes no Saturday Night Live são famosas e Justin já mostrou as manhas do humor em outras oportunidades. Tanto no cinema como em eventos ao vivo. Não por menos seu nome é ventilado como candidato à apresentar a cerimônia do Oscar em 2014. No cinema, Timberlake mostra seu “comedy back” em filmes como Professora sem classe (2010) e Amizade colorida (2011).

2- Philip Seymour Hoffman
Em uma entrevista recente à revista Total Film, Chris O´Dowd de filmes como Solteiros com filhos e O virgem de 40 anos disse que se espanta com a facilidade com que Philip Seymour Hoffman faz comédia. Para O´Dowd, Hoffman é uma referência negligenciada por muitos que desejam ingressar no humor. Hoffman prova que O´ Dwod está certo em filmes como Quero ficar com Polly (2004), Jogos do poder (2007) e Os piratas do Rock (2009).

1 – Woody Harrelson
Woody Harrelson é um dos maiores atores do cinema contemporâneo. Apesar de ser frequentemente subestimado, Harrelson segue com o bom nível de atuações em filmes como Um tira acima da lei e Virada no jogo.  No entanto, um recorte na carreira de Harrelson permite vislumbrar o grande comediante que ele é e poucos se dão conta. Seja como alívio cômico em blocbusters de ação (2012) ou roubando a cena dos protagonistas de comédias românticas (Amizade colorida, ED TV), Harrelson sempre manda bem quando a ordem do dia é fazer rir. Outros grandes momentos são Sete psicopatas e um Shih tzu (2012), Zumbilândia (2009), Ladrão de diamantes (2004) e Tratamento de choque (2003).

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Espaço Claquete - Jovens adultos



Não é todo dia que se vê por aí um filme com a audácia de falar sobre a incrível dor que é crescer, no sentido emocional do termo. Amadurecimento é, no final das contas, a matéria prima de Jovens adultos (Young adults, EUA 2011), segunda parceria entre o ainda infalível diretor Jason Reitman e a roteirista Diablo Cody (a primeira foi no celebrado Juno).
Mavis (Charlize Theron) é uma ghost writer trintona e divorciada que passa seus dias entre o enfado e o alcoolismo. Quando recebe um e-mail alertando do nascimento da filha do namorado dos tempos de colégio, resolve voltar à pequena cidade de Mercury para reconquistá-lo. Para Mavis não importa se Buddy (Patrick Wilson) está casado e feliz. Ela vive constantemente encontrando justificativas para seu comportamento expansivo e desagradável. Reitman e Cody, aliás, não poupam sua protagonista de situações incômodas. Mas são essas situações que sinalizam o pardieiro emocional em que ela se encontra. Nesse contexto, surge de maneira providencial o fato de Mavis, que usa roupas caras e descoladas na mesma medida que frequentemente amanhece com a cara inchada, escrever uma série de romances para adolescentes. Está aí uma concatenação da realização menos sutil, mas ainda assim importante no desenho da personagem, do que o fato de tirar fios de seu cabelo por pura ansiedade ou de se aproximar de Matt (o ótimo Patton Oswalt), com a mesma virulência de quando eram colegas de escola.
À medida que Mavis vai percebendo que há algo de errado com sua vida, mais ela mergulha no abismo de sua existência e está aí outro dos pontos altos desse belo e injustiçado filme (onde estão os prêmios?). Não há catarse. A vida nem sempre imita a arte. Não pelo menos quando se trata de ajustes tão profundos.
Há uma cena, de eloquência tremenda, em que Mavis conversa com a irmã de Matt. Ela diz que ser feliz para ela é complicado e que os outros fazem parecer tão simples. Que eles se sentem preenchidos. Sua interlocutora lhe diz que se ela não se sente feliz com o que tem... dando a entender que ela leva uma vida que poderia ser invejada. Ela devolve Mavis a seu estado de alienação emocional. Era o que Mavis queria ou o que ela simplesmente precisava para não desabar em despropósito? O público será o juiz. De qualquer maneira, não importa. O que importa, na lógica desenvolvida por este belo filme, é lamber as feridas e, se possível, crescer com o processo.

domingo, 28 de abril de 2013

Insight - O reflexo do ator


A seção Insight da semana passada analisou a partir de um comentário do cineasta Danny Boyle a capacidade de um astro de cinema, do calibre de um Brad Pitt, de uma Julia Roberts, de um George Clooney de distorcer – para adotarmos a palavra usada por Boyle – um filme. Ficou convencionado que essa distorção pode ser tanto positiva quanto negativa e que se estende desde os meandros da pré-produção de um filme até a recepção, e percepção, deste pelo público.
Foi a leitora Patrícia Ströher quem atentou para outro recorte muito pertinente e que foi omitido da análise. E quando um astro pode dar novo corpo a um personagem? Alterar a percepção que o público tem da trama? Do conflito? Quando isso é positivo? Quando é negativo?
É fato consumado que um astro é capaz de capitalizar a atenção de público e mídia em torno de um trabalho em particular. Recentemente, o cineasta cearense Karim Aïnouz disse em entrevista ao jornal O Globo que quer Wagner Moura, um dos atores com quem trabalhou em Praia do futuro – em processo de finalização - como protagonista de seu novo projeto: um filme que pretende discutir o fundamentalismo religioso no Brasil na esteira da polêmica envolvendo o deputado Marcos Feliciano – um pastor notório por declarações carregadas de preconceito – na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. “Preciso de um ator que seja capaz de provocar o debate no público”, disse Aïnouz.
Está aí, exposta, a capacidade transformadora de um astro de primeira grandeza em um projeto específico. Aïnouz é sábio em prever que com Moura em um papel chave de um filme que se pretende ruidoso, ele ampliará a margem de alcance da produção. Sabe também que Wagner Moura é o tipo de intérprete capaz de estabelecer uma espiral de diálogo com o público em cada personagem, em cada projeto. Tanto pelo carisma como pela profundidade de seu trabalho. É natural que queira se beneficiar dessa condição.
Wagner Moura: astro nacional capaz de reverberar no
público
Os produtores e realizadores do novo Superman, que chega em julho, se depararam com situação peculiar. Diferentemente do filme de 2006, quando se buscou alguém com o biotipo e expressão que remetesse ao imortal Christopher Reeves, objetivava-se um rosto novo que trouxesse uma nova identificação para Superman. Muitos nomes foram aventados, entre eles o do protagonista da série Mad men Jon Hamm, optou-se pelo inglês Henry Cavill cujos maiores créditos até então haviam sido uma participação em um filme de Woody Allen e na série The Tudors. A opção por uma figura de nenhuma expressão no mainstream americano atende às prerrogativas dos produtores de reimaginar o homem de aço. Algo que não seria totalmente possível com atores já experimentados.
O cineasta Ang Lee, que venceu o Oscar de direção por As aventuras de Pi, teve raciocínio semelhante na pós-produção deste filme. O elenco do filme é constituído majoritariamente por desconhecidos – à parte uma breve aparição do francês Gérard Depardieu. Mas nem sempre foi assim. O jornalista que ouve o relato fantástico de Pi (Irrfan Khan na fase adulta) foi interpretado por Tobey Maguire. Na pós-produção, Lee percebeu que a presença de Maguire gerava um desequilíbrio no sentimento da história e na percepção dela. Conversou com o ator e o cortou do filme. As cenas foram então regravadas com o ator Rafe Spall, ilustre desconhecido, como o jornalista/escritor interlocutor de Pi.
David Fincher e Rooney Mara: o
diretor não queria uma estrela
formada para viver Lisbeth
Salander em sua versão do best
seller original da trilogia
Millenium, Os homens que não
amavam as mulheres
Há, também, as expectativas do público para certo ator. E são elas que geram esses desequilíbrios. Heath Ledger é um exemplo clássico. Por duas vezes ele desafiou as expectativas que o público tinha dele. Feito galã, Ledger surpreendeu público e crítica com sua atuação devotada, minuciosa e cheia de sentimento de um cowboy que não sabe exatamente o que fazer quando se descobre amando outro homem em O segredo de Brokeback mountain, do mesmo Ang Lee. Ledger, aliás, estava inseguro quanto a aceitar o papel. Foi sua namorada na época, a atriz Naomi Watts, quem o encorajou. Pouco tempo depois, Christopher Nolan seria bastante contestado ao anunciar Ledger como sua escolha para viver o coringa no segundo filme de sua trilogia do cavaleiro das trevas. Essa história, todos sabem, terminou com um Oscar póstumo a Ledger após uma campanha sem precedentes entre público, crítica e indústria para que isso ocorresse.
O contrário também acontece. O drama Lembranças é um ótimo exemplo. Rodado em plena coqueluche por Robert Pattinson – o galã da franquia Crepúsculo – o filme se viu modificado pela presença do astro em apelo midiático, mas fundamentalmente em sua organização narrativa. A amargura de Edward (personagem de Pattinson) em Crepúsculo migrava em um movimento aleatório para Lembranças sem grandes justificativas. Era Pattinson trazendo consigo o olhar da plateia sobre ele.
Há, ainda, a maneira como um personagem é trabalhado por um astro. Brad Pitt e Tom Cruise podem ser convocados para essa análise. Nos últimos dez anos, enquanto Cruise buscou projetos para reforçar sua celebridade, Brad Pitt buscou aqueles em que ela poderia desaparecer. Foi coadjuvante de produções embevecidas na ironia e auto referência como Queime depois de ler e Bastardos inglórios e elegeu projetos em que seu peso como astro jogava a favor da história – como O curioso caso de Benjamin Button – lógica inversa à adotada por Cruise, em que a história jogava a favor de seu status de astro – como O último samurai.

Brad Pitt, por meio de sua produtora (Plan B), ofereceu um roteiro ao cineasta austríaco Michael Haneke, com quem Pitt gostaria de trabalhar, mas o diretor de Amor e A professora de piano declinou do convite dizendo que "trabalhar no esquema de Hollywood é algo que não lhe interessa no momento" 

Heath Ledger se transformando no coringa: uma performance certamente surpreendente para muitos que não imaginavam que Ledger fosse compatível com o personagem

Um astro pode ser um peso ou um bálsamo para determinados personagens ou projetos. Em um personagem suficientemente forte, escalar um astro talvez seja excessivo ou apenas a proposta adequada. Em última análise, cabe ao diretor vestir seu filme. É ele quem será o juiz, ainda que em primeira instância, dessa vaidosa disputa.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Euro & Travelling

Itália efervescente


A Itália atravessa crise política ímpar em sua história. A esquizofrenia do país que parece incapaz de assumir uma proposta de futuro e se encontra às voltas com o retorno do contestado Silvio Berlusconi ao poder, no entanto, fomenta um reencontro do cinema italiano com seu vigor. Em 2013, por exemplo, alguns dos melhores lançamentos nos cinemas brasileiros são produções italianas. Em fevereiro foi lançado o vencedor do Urso de ouro César deve morrer, de Paolo Taviani e Vittorio Taviani, uma poderosa crônica shakespeariana sobre poder e corrupção que estreita os limites da representação ao acompanhar a montagem da peça Júlio César por um grupo de presidiários. O filme aposta em uma linguagem nova, arejada e nebula os limites entre ficção, documentário e arte – em um recorte mais profundo.
Neste fim de semana, estreou nas salas de cinema do país Reality- a grande ilusão, mais recente filme de Matteo Garrone, que já havia impressionado com o tenso Gomorra de 2008. Reality, que debutou e foi premado no festival de Cannes 2012, mostra um homem que se transforma completamente a partir do momento em que se candidata a participar de um reality show. Como nota curiosa, vale constatar que o protagonista desse misto de comédia e drama assinado por Garrone também é um assassino condenado (o agora ator Aniello Arena), o que estabelece uma nova dinâmica para a apropriação da arte.
Mais do que qualquer outra coisa, Reality mostra que diretores dessa nova geração italiana não estão presos a um gênero ou a uma mesma proposta estética. Mas ainda são os cineastas de maior rodagem que representam o pico do cinema italiano no momento. Nanni Moretti, ainda é a maior expressão de um cineasta de primeira grandeza do país desde Federico Fellini. Há dois anos, lançou Habemus papam, filme sob muitos aspectos insidioso de uma crise no seio da igreja católica que muitos, mesmo depois da renúncia de Bento XVI, ainda ignoram. Antes disso, em 2006, havia brindado o público com uma sátira política à figura de Berlusconi com O crocodilo, filme que a atual conjuntura política italiana traz à atualidade.
Outro cineasta que dispensa apresentações é Marco Bellocchio. O cineasta de 74 anos, terá os seus dois últimos filmes em exibição em São Paulo neste próximo mês de maio. O principal deles, A bela que dorme, é também um olhar sobre essa Itália em crise de identidade ao acompanhar múltiplos personagens e suas posições a respeito da eutanásia. Irmãs jamais (2010), já em cartaz, é outra bifurcação entre documentário e ficção, dessa vez com o doce tempero do recorte biográfico, já que além do elenco conta com membros da família do cineasta e o filme é resultado de workshops que Bellocchio conduziu por anos em sua cidade natal. A família (italiana?) é o foco da narrativa fragmentada.

O cineasta Marco Bellocchio no set de A bela que dorme: vitalidade e inquietação artística que iluminam o cinema italiano contemporâneo

Outro cineasta com lançamento programado para as telas brasileiras ainda no primeiro semestre é Gabriele Muccino, diretor que fez boa transição para o cinema americano com fitas como À procura da felicidade estrelado por Will Smith. Beije-me outra vez é mais existencial e menos político, marca de seu cinema. Mas é também demonstração dessa efervescência do cinema italiano que não está tão adormecido como se pensava. 

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Filme em destaque - O abismo prateado


Sem medo do abismo
 Alessandra Negrini é a protagonista do novo filme do cineasta de Madame Satã e O céu de Suely. Um filme que fala nos silêncios e investe sua narrativa no sensorial

Karim Aïnouz é um cineasta tão interessante que seu mais recente lançamento nos cinemas é um filme inspirado em uma música de Chico Buarque. O filme é O abismo prateado, pronto e exibido há dois anos no festival do Rio e também no festival de Cannes, e a música é “Olhos nos olhos”, composição original de 1976.
À revista Serafina deste mês de abril, o cineasta falou sobre a inspiração para o filme. "Nos meus trabalhos anteriores, a música tinha uma importância muito grande, mas entrava de uma forma meio intuitiva. Aí decidi fazer o contrário, criar um filme em cima de uma canção. E 'Olhos nos Olhos' é uma verdadeira 'love song'. Comecei a imaginar quem seria a protagonista da música e aí surgiu a personagem da Violeta. Minha história é baseada em uma carta de amor que virou uma canção com o Chico, e a Violeta seria a autora da carta. O filme não conta a história da música, se passa antes dela."

Violeta é a personagem de Alessandra Negrini, uma dentista na faixa dos 40 anos que um belo dia recebe uma mensagem no celular de seu marido terminando o casamento. O filme então passa a acompanhar a jornada existencial dessa personagem pelas ruas do Rio de Janeiro.
“Violeta não é especial”, diz Aïnouz. “Eu queria um personagem para falar da classe média, não da exceção. Ela é isso, tem 40 anos, acabou de se mudar, tem filho e um consultório. A graça é conseguir fazer um filme onde exista certa originalidade em como as experiências comuns são contadas. No exterior, você vê bons filmes que não têm nada de excepcional, com personagens comuns. A gente também pode fazer isso, acho que o nosso cinema tem que recuperar esses territórios."

Abandono
Mas O abismo prateado não deseja ser um filme de redescoberta do cinema brasileiro. Aïnouz quer falar na verdade de sua geração e também fazer um filme que aposta mais no sensorial. “Este é um filme sobre um abandono, mas ele não se entrega a essa condição, porque, no fundo, traz uma experiência utópica. É uma sensação da geração a que eu pertenço, meio largada, mas que nunca deixou de sonhar. Uma geração que viveu muito a liberdade, tendo o direito de ficar com uma pessoa aqui e outra acolá, mas sem deixar de alimentar uma visão ultrarromântica do amor. Há um sopro de crença de que o mundo ainda pode ser diferente. A personagem de Alessandra é assim”, explica o cineasta ao O Globo.
À Serafina, Aïnouz complementou: “O abandono é um ato que permite que você se reinvente, e não que se torne vítima dele. Ele não é uma experiência paralisante, permite que o personagem se transforme”.

Foto: Cineclick
Aïnouz, Alessandra e Chico: arte que inspira arte...

Confira a letra da música "Olhos nos olhos"

Quando você me deixou, meu bem
Me disse pra ser feliz e passar bem
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, obedeci

Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer
Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E que venho até remoçando
Me pego cantando
Sem mas nem porque
E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você

Quando talvez precisar de mim
'Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim
Olhos nos olhos, quero ver o que você diz
Quero ver como suporta me ver tão feliz

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Em off

Nesta edição de Em off, novidades sobre o novo filme do diretor de A separação, um programa para cinéfilo nenhum botar defeito, as expectativas para a sequência de Thor e a dança das datas de lançamentos no Brasil.

Tchau homem do mês
Não deu certo. A ideia era destacar um homem de cinema que merecia destaque no mês. Como Claquete é uma revista de cinema virtual, em uma definição primária proposta quando da criação do blog, a ideia parecia interessante para o formato. Mas, na verdade, não é. Funciona bem no impresso, nem tanto no online. Uma seção como a Em off absorve bem a seção “O homem do mês”. A avidez por novidades, às vezes, nos conduz ao excesso. Justamente por isso, a seção que teve curta existência no blog se despede.

Exercitando a cinefilia...
“Cinefilia – entusiasmo e fascinação pelo cinema” é o tema da programação do primeiro semestre do cineclube da Escola de Cinema Darcy Ribeiro. A seleção de 13 longas-metragens elaborada pelo diretor e montador Ricardo Miranda engloba diversos cineastas, atores e propostas estéticas da sétima arte mundial. Desde março, e até o dia 29 de junho, o cineclube apresenta clássicos produzidos no Brasil e no mundo, entre as décadas de 30 e 90: Ganga Bruta, de Humberto Mauro; O Vampiro de Dusseldorf, de Fritz Lang; Mônica e o desejo, de Ingmar Bergman; Rastros de Ódio, de John Ford; estão entre os títulos escolhidos.
As sessões são realizadas sempre aos sábados, às 17h, com entrada franca, na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Após a exibição, o professor Sérgio Almeida promove uma mesa-redonda para discutir aspectos e temas relacionados ao título. As sinopses e fichas técnicas foram feitas pelo aluno Bernardo Brum.
A Escola de Cinema Darcy Ribeiro fica no centro do Rio, mais precisamente na Rua da Alfândega, nº 5. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (21) 2233-0224 ou no site www.escoladarcyribeiro.org.br.

John Wayne em cena de Rastros de ódio: um dos filmes que compõem a programação "Cinefilia - entusiasmo e fascinação pelo cinema" em destaque na Escola de Cinema Darcy Ribeiro


Confira a programação até o fim do ciclo:

27 de abril
O Intendente Sansho (Kenji Mizoguchi, Japão/1954)
4 de maio
M - O Vampiro de Dusseldorf (Fritz Lang, Alemanha/1931)
11 de maio
Índia Song (Marguerite Duras, França/1975)
18 de maio
A Paixão de Joana D’Arc (Robert Bresson, França/1962)
25 de maio
Violência e Paixão (Luchino Visconti, EUA/Itália/1974)
8 de junho
Moisés e Aarão (Danièle Huillet e Jean-Marie Straub, Alemanha/França/1974)
15 de junho
Os Mutantes (Tereza Villaverde, Portugal/1998)
22 de junho
Rastros de Ódio (John Ford, EUA/1956)
29 de junho
Mônica e o Desejo (Ingmar Bergman, Suécia/1953)

Mexendo em time que está ganhando?
Saiu o trailer de Thor – o mundo sombrio e o sombrio não fica confinado ao título. Esse primeiro material promocional indica que tudo mudou em Asgard, pelo menos na abordagem. Alan Taylor, que ajudou a criar o universo de Game of Thrones na HBO, é o diretor e parece imbuído do propósito de fazer do novo filme do herói da Marvel um épico. Será que ele consegue?




Samba do crioulo doido
Não é de hoje que as distribuidoras brasileiras fazem um verdadeiro carnaval com as estreias de seus filmes. Alguns lançamentos são reprogramados diversas vezes, como foi o caso de Killer Joe – matador de aluguel - inicialmente previsto para outubro de 2012 e que foi remarcado quatro vezes antes de estrear em março deste ano.
Na carta do editor deste mês de abril, Claquete destacou a profusão de lançamentos nos mais variados gêneros e sublinhou os aguardados filmes de cineastas festejados como Terrence Malick e Marco Bellocchio. Seus respectivos filmes, Amor pleno e A bela que dorme foram adiados para maio. Maio também deve ter o lançamento de outras produções constantemente adiadas como Ferrugem e osso, de Jacques Audiard e Sem proteção, de Robert Redford. Pelo menos, assim se espera.

Samba do crioulo doido II
A busca por janelas de lançamento melhores não é uma contingência apenas do mercado distribuidor brasileiro. Ainda que em menor escala, acontece nos EUA também. A mudança mais recente se deu com o lançamento de Depois da terra, novo filme de M. Night Shyamalan, que foi antecipado em uma semana para evitar competição com Superman: o homem de aço que agora será lançado duas semanas depois do filme estrelado por Will Smith.

O futuro de Le passé
Selecionado para a mostra competitiva do festival de Cannes de 2013, Le passé, novo filme do iraniano Asghar Farhadi – o primeiro rodado fora do Irã – precisará passar por uma análise do governo iraniano para que possa ser exibido no país, de acordo com informações da Variety. O filme, rodado na França, mostra um iraniano radicado na França que abandona a mulher e os filhos e volta para o Irã. Quatro anos depois ele retorna para se divorciar. O filme é aguardadíssimo, mesmo no Irã, mas precisará passar pelo crivo dos órgãos de regulação do país. O cineasta Abbas Kiarostami, que também rodou seus dois últimos filmes fora do Irã, não os submeteu ao governo iraniano e teve as produções banidas do país.

Novo projeto de Mike Nichols
O cineasta Mike Nichols está mantendo conversas preliminares com a Paramount para dirigir "One last Thing before I go", romance de Jonathan Tropper. A trama é promissora. Homem divorciado em plena crise de meia idade precisa lidar com sua ex-mulher apaixonada e prestes a se casar com um cara legal, sua filha grávida e ele pode morrer se não fizer uma invasiva cirurgia. É uma trama que com a acuidade narrativa e sensibilidade de Nichols, diretor de filmes como Closer – perto demais (2004), A primeira noite de um homem (1967) e Quem tem medo de Virginia Woolf? (1966)  pode se tornar em um dos grandes filmes dos próximos anos.

Cenas de cinema


Desculpas tortas
A fama de Kristen Stewart, dizem as más e bem informadas línguas de Hollywood, não anda das melhores – ainda em virtude da traição muito badalada em meados do ano passado. A atriz está com dificuldades para confirmar projetos e os filmes aos quais ela já está vinculada demoram para decolar. É mais ou menos o que está acontecendo com Focus, novo filme dos diretores de Amor a toda prova, John Requa e Glenn Ficarra. O filme não consegue sair da pré-produção, estágio em que já se encontra há pelo menos seis meses. No início do ano, em meio ao alvoroço por Argo na temporada de premiações, Ben Affleck abandonou o projeto. Ele seria o par romântico de Kristen no filme. Kristen ficou, meio que sem querer, esperando o que ia aparecer. Apareceu Will Smith. Foi então que o inusitado aconteceu. Kristen pulou fora do projeto. Ninguém entendeu muito bem e a explicação dada pela assessoria da atriz só piorou. Oficialmente, Kristen saiu do projeto porque achou a diferença entre a sua idade e a de Smith muito grande. Em tempo: Will Smith tem 44 anos e Ben Affleck tem 40 anos.

Will Smith faz pose: o que o único ator no momento vinculado a Focus tanto desagrada a Kristen Stewart? Ou seria Ben Affleck que agradava?

Reese Witherspoon e o “sabe com quem você está falando?”
Reese Witherspoon é a primeira vencedora do Oscar em muito tempo a ir para o xilindró. Ela poderá adicionar a estatística à famigerada fala “você sabe com quem está falando?”, com a qual se dirigiu para um policial que logo a prenderia por desacato e desordem.  O carro em que a atriz e seu marido estavam foi parado por uma patrulha policial no último fim de semana na Georgia, estado americano, e seu marido seria detido por embriaguez. Witherspoon então resolveu exercer sua celebridade quando “estava visivelmente embriagada” como diria a atriz depois de liberada, e disparou: “Você sabe com quem está falando? Seu nome vai estar no noticiário nacional”. Quem não ficou bem na foto, e em noticiário internacional, foi Whiterspoon.

Reese: mal na foto

Cadê o nosso presente Jack?
Ele completou 76 anos no dia 22 de abril de 2013 e tem 75 filmes na premiadíssima carreira. Estamos falando de Jack Nicholson, afastado das telas desde a participação em Como você sabe (2010) e sem nenhum projeto em andamento ou acertado.
Jack Nicholson faz falta! É uma força da natureza que por si só já vale o ingresso.
Fica a torcida para que Jack Nicholson, que não perde um jogo dos Lakers (time de basquete do qual é avidamente fã) em Los Angeles, retome o gosto pelo cinema.

Jack, em uma de suas últimas aparições públicas, em homenagem ao ex-jogador de basquete Shaquille O´Neal em Los Angeles

É mas não é, entende?
Jamie Foxx experimenta um bom momento na carreira. Depois de ser protagonista do último e celebrado filme de Quentin Tarantino, ele será o presidente dos EUA no novo blockbuster do alemão Roland Emmerich. Desde que surgiram as primeiras imagens de O ataque, comparações com Obama pipocaram na internet. Em Cancun, no México, onde participou de um evento de divulgação dos próximos lançamentos da Sony, Foxx disse que não fez uma imitação de Obama, mas que incorporou algumas de suas características. Alguém pensou em Ray?

Jamie Foxx em cena de O ataque: não é bem assim...


A bundinha de Robert Downey Jr.
Robert Downey Jr. está em uma maratona que Gwyneth Paltrow não consegue acompanhar. Em uma mesma semana o ator esteve em Seul, Londres, Paris, Moscou e Munique para apresentar Homem de ferro 3. A atriz só se juntou a ele em Munique, onde concederam uma bem humorada entrevista coletiva. Paltrow destacou que ainda que Homem de ferro 3 seja um produto típico da cultura pop, ao trabalhar com gente como Robert Downey Jr. e Don Cheadle, a sensação que se tem é diferente da de se trabalhar com um ator saradão de 26 anos e sem camisa. Enquanto Downey Jr. sorria de canto de olho, Paltrow destacou que Downey Jr. fica “ótimo” sem camisa e recomendou que todos dessem um beliscão na bunda do ator na saída.

Confira esse e outros momentos da coletiva no vídeo abaixo:


terça-feira, 23 de abril de 2013

Crítica - Oblivion


Ficção científica cascuda

Não é de hoje que Tom Cruise gosta de patrocinar cineastas jovens e promissores, mas corre o risco de a História imputar ao astro a descoberta de Joseph Kosinski. Para todos os efeitos, o diretor de Tron – o legado (2010) estreia, de fato, com essa ficção científica que concilia referências que vão de 2001: uma odisseia no espaço a Blade Runner – o caçador de androides, dois ícones do gênero, passando por substanciais franquias como Mad Max, Matrix, entre outros.
Oblivion (EUA 2012) é, por força de definição, uma ficção científica cascuda. Daquelas que não deve agradar espectadores ocasionais. É preciso ter “formação” no gênero para apreciar a contento o filme que alia visual arrebatador a uma trama francamente engenhosa na fusão de referências com que trabalha. Kosinski, diferentemente do que se esperaria de um diretor que sobeja tanto na linguagem visual, arquiteta a narrativa de Oblivion com o ritmo necessário que um filme tão ambicioso e reverente pede. É um acerto que o torna, a despeito da presença de Tom Cruise, um filme de gueto.
Cruise, aliás, demonstra desenvoltura na ficção científica nessa sua primeira incursão sem a tutela do amigo Steven Spielberg, com quem rodou Minority Report – a nova lei (2002) e Guerra dos mundos (2005).

Clean até certo ponto: Oblivion fala de um mundo distópico em que tecnologia e passado se contrapõem e a história de amor que surge no filme desempenha papel fundamental nesse confronto...

O desenvolvimento do roteiro recebe a mesma atenção que recebe o visual arrojado da Terra deserta do pós-guerra em que uma espécie alienígena, ainda que derrotada, obrigou os humanos a viverem fora da órbita terrestre. É essa a explicação inicial que o personagem de Cruise, Jack, responsável pela manutenção de drones que patrulham o planeta, oferta em suas divagações existenciais de quem se ressente de abandonar o planeta. Essa missão, que divide ao lado de sua namorada (Andrea Riseborough), está para acabar e eles irão, finalmente, se juntar aos outros humanos.
Mas as coisas não são exatamente o que parecem ser. E o que aparentemente é um acidente envolvendo uma cápsula espacial se torna o grande ponto de partida para uma tomada de consciência pelo personagem de Cruise.
Se Oblivion não tem a força narrativa ou a pujança reflexiva de alguns dos filmes no qual busca abrigo, é bem sucedido em propor um novo conceito, passível de muitas reverberações, no cinema. Adaptado de uma graphic novel de autoria do próprio Kosinski, Oblivion se subscreve como mais uma prova do campo prolífero que é a ficção científica para a investigação da essência humana. É, também, o testemunho de que Tom Cruise, além de se manter em dia como astro de apelo, continua matador como produtor. Kosinski tem um futuro danado pela frente.

domingo, 21 de abril de 2013

Insight - O peso de um astro



 Há algumas semanas, em meio à maratona de eventos e entrevistas promocionais para seu novo filme (Em transe), o diretor Danny Boyle deu uma declaração que chamou atenção tanto por seu aspecto inusitado como por sua reverberação no mundo do cinema. Para Boyle, um representante suntuoso do cinema independente, um astro distorce um filme. De acordo com o cineasta britânico, uma personalidade como Brad Pitt tem a capacidade de desvirtuar completamente um filme. É claro que Boyle fala do impacto que uma celebridade tem sobre qualquer projeto cinematográfico. Desde as expectativas do mercado à ansiedade de público e mesmo a percepção da crítica especializada. Boyle fala também das restrições à liberdade que um cineasta precisa enfrentar quando um filme é discriminado como “untitled Tom Cruise Project”. Afinal, o que importa para o estúdio é o marketing em cima do astro e não necessariamente a estória. Na mesma medida, há atores que buscam projetos mais sofisticados e trabalhos com cineastas festejados pela crítica e se oferecem como produtores, apenas para moldar os projetos a seus gostos. Boyle está no mercado há tempo suficiente e é bem relacionado o bastante para saber desses meandros da área. Sua análise, portanto, é procedente. Mas é, também, incompleta.
Novo filme de Boyle: sem astros de primeira grandeza, mas
ainda assim astros
Muitas vezes é um ator quem torna possível um projeto que sem ele não teria como ver a luz do dia em um mercado que abomina apostas de risco. Seria um típico caso de distorção positiva que Boyle ignora. Isso para não entrar no campo das subjetividades e destacar os inúmeros filmes, sejam estes experimentais ou não, que são dignos de qualquer nota em virtude da presença dos atores. Isso ocorre tanto na produção mais autoral como no mainstream. Pode-se argumentar que esses “atores salvadores” não são essencialmente astros, mas e George Clooney? E James Franco? Ou então Natalie Portman? E Jennifer Lawrence ou Christian Bale? São astros de primeira grandeza que se colocam a serviço do cinema como bem maior. Ao ignorar essa faceta da “distorção que um astro imputa a um projeto”, Danny Boyle é injusto em seu determinismo. Há de se respeitar sua opção, anunciada, de não trabalhar com um astro. Seu interlocutor na ocasião questionou-o se Brad Pitt lhe convidasse para fazer um filme se ele toparia. A resposta de Boyle foi negativa. Mas Boyle não é assim tão resistente a ideias de astros, pelo menos a astros de médio porte e projeção internacional tangível.  Além de ter dirigido James Franco, no auge da fama, em 127 horas, o novo filme de Boyle conta com o internacionalmente prestigiado Vincent Cassel, além do ascendente James McAvoy. Leonardo DiCaprio foi outro dirigido por ele, no auge da popularidade conquistada no período pós Titanic, em A praia do ano 2000. 
É justamente ao chegarmos a esta produção que podemos ter uma melhor compreensão do por que do raciocínio de Danny Boyle. O filme foi um fracasso retumbante. Ao custo de aproximadamente U$100 milhões, só o cachê de Leonardo DiCaprio girou em torno de U$ 20 milhões, a produção rendeu apenas U$ 18 milhões nas bilheterias americanas. À época existia uma verdadeira comoção pelo próximo projeto de Leonardo DiCaprio, sim porque O homem da máscara de ferro e Celebridade, embora lançados depois de Titanic, foram gravados antes do megassucesso da produção de James Cameron. A praia foi o primeiro projeto de DiCaprio após o estrelato maiúsculo que conquistou. E Danny Boyle não gostou nada disso. Primeiro porque DiCaprio ainda fazia o tipo imaturo e estrelinha à época e, segundo, porque as pressões do estúdio, no caso a Fox, sobre o projeto foram monstruosas. O filme acabou virando um veículo para DiCaprio e muito do que Boyle pretendia ficou na sala de edição.

Leonardo DiCaprio e Danny Boyle no set de A praia: trauma de astros

O tempo passou e Boyle voltou a trabalhar com a Fox, ainda que com o braço independente do estúdio (a Fox Searchlight), pela qual todos os seus mais recentes filmes foram lançados. Mas, pelo visto, segue repugnando “estrelas maiores do que a vida” em seus filmes. 

sábado, 20 de abril de 2013

Espaço Claquete - Dublê do Diabo

É difícil crer que Latif Yahia consiga ter algo remotamente semelhante a uma vida. Baseado no livro com suas memórias, Dublê do Diabo (Devil´s Double, ING/EUA 2011) acompanha sua trajetória como dublê de Uday Hussein, filho do ditador iraquiano Saddan Hussein. O filme acompanha desde o momento em que Latif, então um tenente do exército iraquiano, foi “abduzido de sua vida por Uday até o momento em que consegue se desvencilhar de suas garras.

Uday, em seu delírio de grandeza queria fazer como Stálin e seu pai e ter um sósia para que pudesse substituí-lo em eventos diversos e, também, em situações potencialmente perigosas.  O filme de Lee Tamahori, diretor que sabe manter suas fitas interessantes (são dele filmes como 007- um novo dia para morrer e Na teia da aranha), concentra o suspense e o drama em um mesmo compasso e conta com o excepcional trabalho do ator Dominic Cooper como bússola. Cooper vive tanto Uday, em seu histrionismo e abundância psicótica, quanto Latif, em sua condolência e exasperação.
Cooper que já se mostrava interessante desde produções como Mamma mia, A duquesa e Educação, tem em seu primeiro protagonismo um desafio hercúleo: carregar um filme vivendo dois personagens que complementam a narrativa do filme no que tem de díspares. Cooper cumpre o desafio auto-imposto com louvor. Ora sublinhando a desfaçatez maligna de Uday, ora sublinhando a força e equilíbrio de um homem que teve sua vida roubada de si por um filhote de ditador mimado.
Dublê do Diabo é bem sucedido em expor o horror que é compartilhar da intimidade de alguém como Uday. É especialmente feliz em não se concentrar na perspectiva de Latif, ainda que sejam por seus olhos que testemunhamos os limites da maldade encarnada e dos prejuízos que ela pode gerar. No fim da contas, o propósito de Dublê do Diabo não é entender o porquê Uday agia como agia ou redimir Latif de pecados que não poderiam nem mesmo lhe ser imputados, mas sim de jogar luz sobre um mundo particular de horror e conto de fadas. É dessa intimidade e luta de um homem por se distanciar dela que trata com força tremenda Dublê do Diabo

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Os escolhidos para o 66º festival de Cannes


Justin Timberlake e Carey Mulligan em cena de Inside Llewyn Davis, novo filme dos irmãos Coen, um dos principais destaques do festival em 2013


Foi divulgado nesta quinta-feira (18), o line up da 66ª edição do festival de cinema de Cannes, que será realizado entre os dias 15 e 26 de maio e cujo júri será presidido por Steven Spielberg.
Muitos dos filmes que Claquete havia antecipado na última edição da seção Em off integram a mostra competitiva do festival; outros, como The bling ring: a gangue de Hollywood, de Sofia Coppola e Blood ties, de Guillaume Canet foram acomodados em outros eventos paralelos à competição principal.
À primeira vista, trata-se de uma lista de personalidade, mas inferior às últimas edições. Não há medalhões de Cannes como um Pedro Almodóvar, um Michael Haneke ou mesmo Lars Von Trier, que não conseguiu finalizar a tempo seu audacioso projeto The nymphomaniac. É uma das edições, também, com a menor participação de prévios vencedores da Palma de Ouro. Apenas os americanos Steven Soderbergh e os irmãos Coen e o franco polonês Roman Polanski já triunfaram em Cannes, respectivamente com Sexo, mentiras e videotape (1989), Borton Fink – delírios de Hollywood (1991) e O pianista (2002).
No entanto, é preciso reconhecer que a ausência dos titãs de Cannes oxigena o festival que pode ter a chance de apresentar ao mundo trabalhos mais arejados e inovadores. Chamam a atenção a forte presença americana, um hábito cada vez mais encorpado na riviera francesa, a retomada do cinema asiático à parte da produção sul-coreana (protagonista ao lado dos americanos das últimas edições do festival) e a presença solitária da atriz e diretora alemã Valeria Bruni Tedeschi como única mulher na disputa pela Palma de Ouro com Un Chetêau em Italie.
A Europa, como bloco, também se impõe e a América Latina novamente se encolhe. Apenas o mexicano Heli, do espanhol Amat Escalante, representa o continente que já havia desaparecido da seleção do ano passado.

Cartaz do novo filme de Asghar Farhadi, que suscita grandes expectativas, o primeiro depois do Oscar por A separação e o primeiro rodado na França

James Franco, figurinha carimbada dos últimos festivais de cinema (na foto em Berlim), estará na mostra Um certo olhar apresentado mais um filme dirigido por ele 

Expectativas
É inegável que as maiores expectativas pairam sobre a seleção americana. São cinco filmes, se contarmos a coprodução Only God forgives, de Nicolas Winding Refn, que também reúne França e Dinamarca como financiadores. Nebraska, de Alexander Payne é um road movie em preto e branco que dá sequência ao elogiado trabalho de Payne que lhe levou ao Oscar, Os descendentes. Inside Llewyn Davis é o aguardado mergulho dos irmãos Coen na cena folk americana que formou artistas como Bob Dylan. The immigrant, anteriormente chamado Low life, é o restabelecimento da parceria entre o diretor James Gray e Joaquin Phoenix. Prostituição, romance e violência estão no foco do filme. Behind de Candelabra, de Steven Soderberg é a segunda produção original para a tv a aterrissar em Cannes em quatro anos. Em 2010 foi a minissérie Carlos, de Oliver Assayas. Enquanto sinaliza uma flexibilização no conceito de arte e demonstra a força e representatividade da tv americana atual, a opção pelo filme sobre o compositor americano gay Liberace é também uma chance de trazer à pauta de Cannes um tema de reverberação mundial como a união homossexual.
Cena de Jeune et jolie, de François Ozon: um thriller com
forte voltagem sexual em uma edição com propensão
ao sexo
 
Outro filme bastante aguardado é Venus in fur, de Roman Polanski. A produção mostra uma atriz que tenta convencer um diretor de sua adequação para determinado papel. A fita é estrelada por Mathieu Amalric e Emmanuelle Seigner, mulher do diretor. O diretor também exibirá outro trabalho em uma sessão especial.
Outros filmes que suscitam expectativas na disputa pela Palma de Ouro são Jeunie et Jolie, de François Ozon, Le passe, de Asghar Farhadi, La Grande bellezza, de Paolo Sorrentino e Soshite Chichi ni naru, de Kore-eda Hirokazu.
James Franco, que ultimamente tem lançado um filme em cada festival de cinema, é um dos destaques da mostra Um certo olhar com As I lay dying. O principal evento paralelo à disputa pela Palma de ouro terá o filme de Sofia Coppola como exibição na abertura. E é a estrela desse filme que promete ser uma das sensações no tapete vermelho. Trata-se de Emma Watson em papel que Cannes espera desperte algumas polêmicas. A despeito de Franco e Watson, será uma das edições de Cannes menos estreladas. Haverá Justin Timberlake e Ryan Gosling, mas sem figuras como Brad Pitt, Nicole Kidman, Robert Pattinson e Kristen Stewart como no ano passado, reside em Leonardo DiCaprio e o filme de abertura que estrela, O grande Gatsby, a grande coqueluche hollywoodiana dessa edição de Cannes.

1- O astro: Leonardo DiCaprio é a grande aposta para os holofotes em Cannes; 2- O filho pródigo: o idolatrado Roman Polanski volta em grande estilo à riviera francesa; 3- a estrela solitária: Valeria Bruni-Tedeschi é a única cineasta em competição na mostra oficial


Confira os filmes selecionados para a disputa da Palma de Ouro

Only God Forgives, de Nicolas Winding Refn

Borgman, de Alex Van Warmerdan
Behind the Candelabra, de Steven Soderbergh
La Grande Bellezza, de Paolo Sorrentino
Jeune et Jolie, de François Ozon
Nebraska, de Alexander Payne
La Venus a la Fourrure, de Roman Polanski
Soshite Chichi ni Naru, de Kore-Eda Hirokazu
La Vie D'Adele, de Abdellatif Kechiche
Wara No Tate, de Takashi Miike
Le Passe, de Asghar Farhadi
The Immigrant, de James Gray
Grisgris, de Mahamat-Saleh Haroun
Tian Zhu Ding, de Jia Zhangke
Inside Llewyn Davis, de Ethan Coen, Joel Coen
Michael Kohlhaas, de Arnaud Des Pallieres
Jimmy P., de Arnaud Desplechin
Heli, de Amat Escalante
Un Chateau en Italie, de Valeria Bruni-Tedeschi



quarta-feira, 17 de abril de 2013

Filme em destaque - A morte do demônio

(Antes da) Meia-noite levarei sua alma

Nova versão de um dos maiores clássicos do terror promete muita carnificina no cinema para um público já acostumado ao torture porn de filmes como Jogos mortais e O Albergue

Sam Raimi procurou Fede Alvarez depois deste último ter feito sucesso na internet com um curta em que robôs gigantes invadem e destroem Montevidéu (Ataque de pânico). A razão do contato era a possibilidade de fazer um longa a partir daquele filme. Nem Alvarez nem Raimi souberam precisar exatamente como o papo que bateram sobre cinema, e o gênero de horror em particular, levou-os ao remake de A morte do demônio. O filme, bem mais hardcore do que a versão original, na avaliação que Alvarez fez ao New York Times, é uma reimaginação do filme de 1981 que pôs Sam Raimi no mapa e iniciou uma das séries mais cults da história do cinema, no Brasil conhecida sob a alcunha Uma noite alucinante. Raimi decidiu patrocinar a estreia do uruguaio tanto no cinema americano como na direção de longas. Sucesso absoluto de público – o filme custou cerca de U$ 17 milhões e já rendeu somente nos EUA mais de U$ 45 milhões – uma sequência de A morte do demônio já está em pré-produção. “Terá uma pegada mais humorística”, entrega Alvarez à Total Film.
Alvarez orienta uma de suas vítimas: sem poupar
o elenco
Uma das grandes diferenças entre essa reimaginação e o original é justamente a pouca atenção ao humor. A outra é a ausência do personagem Ash Williams, vivido por Bruce Campbell – de volta como produtor executivo na nova versão. A razão para essas mudanças estruturais, segundo Alvarez, é forjar uma identidade própria para a nova versão. “Ash é um personagem muito icônico. Não acho que seria de bom tom atualizá-lo”. Alvarez conta que Raimi lhe deu total liberdade e concordou com essa percepção. Outra ideia do diretor foi usar o mínimo possível de recursos do CGI (os famigerados efeitos especiais). “Era de bom tom manter a aura de terror do original”, brinca Alvarez com seus tons sobre tons. Para ele, uma produção que abusa do CGI afasta o espectador. “Não foi fácil para o elenco”, disse à revista brasileira Preview.
Esse elenco é composto majoritariamente por jovens. Shiloh Fernandez, que já esteve em A garota da capa vermelha, e Jessica Lucas, que já esteve em filmes como O pacto e Cloverfield – o monstro, são os menos desconhecidos. A trama é a mesma do original. Cinco amigos vão para uma cabana remota onde encontram um livro dos mortos que desperta demônios que moram na floresta. Entre possessões e o grotesco nonsense como um estupro realizado por uma árvore, A morte do demônio promete uma experiência que os filmes de horror de hoje não conseguem oferecer: imersão total.

Confira Sam Raimi e Fede Alvarez falando sobre A morte do demônio 

terça-feira, 16 de abril de 2013

Espaço Claquete - Inquietos


Inquietos (Restless, EUA 2011) é um filme que se agiganta, mas também padece, por ser um filme de Gus Van Sant. Notoriamente o cineasta que melhor captura a efervescência adolescente em recortes que fogem à linearidade pavimentada em narrativas convencionais, Sant realiza um filme poético e sensorial, mas sem a reverberação de obras como Elefante (2003) ou Paranoid park (2007). Subscrito, portanto, como um filme menor ante suas potencialidades, Inquietos é um exame circunstancial do impacto da morte nessa fase tergiversada da vida.
Enoch (Henry Hopper) é um jovem que em seu tempo livre frequenta funerais. Rapaz introvertido e solitário, ele acaba conhecendo em um desses funerais a também solitária Annabel (Mia Wasikowska), que se enche de uma empatia, a princípio, indecifrável pelo rapaz. Annabel, de uma maneira bem mais discreta, também tem sua obsessão com a morte. Desde a leitura volumosa sobre Charles Darwin até à literatura mais obscura sobre espécimes distintos de insetos. Logo descobrimos que Annabel está desenganada pela medicina e que seu câncer lhe dá apenas mais três meses de vida e que Enoch é sobrevivente de um acidente que matou seus pais.
Entre o lirismo inocente de duas almas trôpegas e estranhamente solidárias a um certo fetiche pelo ideário de mortandade, Inquietos apresenta dois personagens desconfortáveis com ritos sociais e interjeições filosóficas, mas não propõe nenhum tipo de articulação, optando pela contemplação pura e simples. É uma escolha anticlimática que se não torna o filme menos interessante, reduz consideravelmente seu escopo dramático.
É aí que o fato de ser um filme de Sant passa a pesar contra. Fosse uma produção de um cineasta novo, ainda tateando o cinema independente e afinando uma visão de mundo, Inquietos seria uma obra cheia de brasa e perspicácia, mas sendo um filme de Sant, é apenas uma pouco convicta experimentação de um cineasta que já fez melhor sobre este universo em particular.
Nessa trincheira de expectativas, salvam-se Henry Hopper, dono de uma expressividade capaz de assombrar a figura do próprio pai (o já falecido ator Dennis Hopper) e Mia Wasikowska, atriz que sempre impressiona pela capacidade quase que sobrenatural de manter-se excelente mesmo em filmes em crise, que revestem seus personagens da estranheza gentil que o roteiro pede.
São eles que conseguem dimensionar a convulsionante ideia de ter a morte como companheira. Um préstimo que independe da proposta primária do filme.

Crítica - Parker


Filme B de verdade!

Em Parker (EUA 2013), Jason Statham vive com o esperado carisma e a habitual energia o personagem homônimo que já havia sido vivido por Mel Gibson no excelente O troco (1998). O personagem, que surgiu pela primeira vez no romance The Hunter, de Donald E. Westlake, se caracteriza por ser um ladrão com forte código de honra e um apreço fora do comum – até mesmo para quem trabalha honestamente – por princípios.
Statham e Lopez elevam a tensão sexual, mas seus
personagens se desviam do clichê
Dirigido com esmero por Taylor Hackford, daqueles diretores que se saem bem em qualquer gênero, Parker é um filme B de marca maior. Daqueles que faz falta no cinema de hoje.
Depois de ser traído e quase morto por um grupo de ladrões que lhe havia sido indicado por seu tutor (papel de um mais rouco do que nunca Nick Nolte), Parker arquiteta sua vingança: frustrar o próximo e ambicioso roubo do grupo em questão. O plano será executado em Palm Beach, na Flórida, e é aí que entra a personagem de Jennifer Lopez, uma corretora de imóveis insatisfeita com sua vida. Parker precisa sondar as mansões da região para saber em qual delas a trupe que persegue está baseada. Uma das atrações do filme deriva da tensão sexual entre os personagens de Statham e Lopez.
Parker tem humor, ação e suspense. É um pacote completo. Não exige tanto fisicamente de Statham, como em outros filmes estrelados pelo britânico, mas demanda mais dramaticamente do ator. Se seu Parker não tem o sarcasmo sob medida de Mel Gibson, é mais convincente na defesa de seus princípios. Hackford é também um diretor melhor do que Brian Helgeland. Capricha na concepção visual, na trilha sonora descolada e na dosagem de suspense e ação, sem permitir que um se sobreponha ao outro.
É importante observar que Parker não é um remake de O troco, mas uma história diferente com o mesmo personagem. Na dúvida, fique com os dois!

domingo, 14 de abril de 2013

Insight - Os filmes do verão americano de 2013


Já se aproxima a temporada mais quente do cinema, a época dos blockbusters americanos de férias que são lançados entre maio e o final de agosto. Claquete, como de hábito, dá uma peneirada geral no que tem de melhor na temporada, nas potenciais surpresas, nas franquias que buscam recordes, nos iminentes fracassos e no que vale a pena ficar de olho.

Os carros-chefes
Como de hábito nos últimos anos, os super-heróis são as principais estrelas da temporada. Contudo, diferentemente do que se acostumou, eles chegam sob o bastião da desconfiança. Homem de ferro 3, Superman: o homem de aço e Wolverine: imortal têm em comum a necessidade de provar que os protagonistas de suas respectivas séries ainda tem fôlego no cinema.
No caso de Homem de ferro 3, o primeiro a chegar, o buraco é mais embaixo. Além de ser o teste mais resiliente do carisma de Robert Downey Jr. desde que o primeiro filme foi lançado em 2008, representa também um ponto estratégico nos planos da Marvel de dar continuidade a seu universo no cinema depois do megassucesso Os vingadores. O homem de aço é a última oportunidade para o promissor Zack Snyder vingar como realizador e para que Superman, fracassado em suas últimas incursões no cinema, se reabilite como franquia e permita que a Warner desengavete o plano de levar A liga da justiça ao cinema. Já Wolverine: imortal, embora com menos pressão, precisa superar a má impressão deixada pelo primeiro filme entre público e crítica.  

Ben Kingsley e Robert Downey Jr. brincam na premiere russa de Homem de ferro 3 realizada na última semana: necessidade de um sucesso ainda mais retumbante do que o dos dois primeiros filmes

Outros lançamentos reclamam a condição de peso pesado da temporada. O aprendiz de Steven Spielberg J.J Abrams retorna com a sua sequência para a reimaginação de Star Trek. Além da escuridão, que estreia no disputado maio, tem sido visto como potencial concorrente a maior bilheteria do ano. Talvez seja muito otimismo, mas os últimos grandes campeões de bilheteria têm sido posicionados em maio.
Também em maio serão lançados O grande Gatsby (no Brasil em junho), o blockbuster de Baz Luhrmann quer fisgar tanto o público jovem como o público adulto, Se beber não case – parte III e Velozes e furiosos 6. Os dois últimos compõem franquias rentáveis e que alcançaram recordes nas respectivas séries com sequências lançadas em 2011.
A Pixar recorre a seu passado para brigar de igual para igual com esses lançamentos mais comentados e apresenta no final de junho Universidade monstro, continuação de Monstros S.A (2001), um dos maiores sucessos da história do estúdio.

Eles merecem atenção
Em meio aos lançamentos mais comentados, há alguns filmes que podem surpreender positivamente. Alguns já até contam com algum tipo de buzz, caso de Elysium. A nova ficção científica do diretor de Distrito 9 marca a estreia de Wagner Moura em Hollywood e conta com Matt Damon e Jodie Foster em uma trama sobre um futuro distópico em que a Terra abriga os pobres e renegados enquanto os ricos moram em uma estação espacial. O lançamento está programado para 9 de agosto nos EUA. Também programados para agosto estão 2 guns, uma adaptação de uma HQ adulta, que reúne Denzel Washington e Mark Wahlberg pela primeira vez na tela; Kick-ass-quebrando tudo 2, continuação de outra adaptação cult de HQ e agora com Jim Carrey no elenco; 300: rise of na empire, continuação do sucesso 300 estrelado por Rodrigo Santoro; e Percy Jackson e o mar de monstros.
Antes desse fecho promissor na temporada de blockbusters de 2013, Círculo de fogo, novo filme do sempre interessante Guillermo Del Toro; O ataque, a versão de Roland Emmerich para uma invasão à Casa Branca; Guerra mundial Z, filme sobre um apocalipse zumbi dirigido por Marc Forster e estrelado por Brad Pitt; e Truque de mestre, filme com grande elenco que mistura mágica à lógica de filme de assalto.

Guillermo Del Toro nos sets de Círculo de fogo: um possível grande sucesso da temporada de blockbusters

Henry Cavill como Superman na capa da EW que destaca os lançamentos de verão: o filme mais pressionado de toda a temporada

Pode ser?
Todo verão busca o seu Ted (um sucesso colossal e até certo ponto inesperado) e olhando para 2013 há algumas possibilidades devidamente calculadas pelos estúdios. Novamente, elas se ajustam com maior proeminência na seara das comédias. Sandra Bullock e Melissa McCarthy se juntam sob as ordens do diretor de Missão madrinha de casamento em As bem armadas.
Vince Vaughn e Owen Wilson, que dividiram a cena na comédia campeã de bilheteria Penetras bons de bico (2005) voltam a contracenar em The internship, filme que coloca dois quarentões como estagiários de uma gigante digital.
É o fim reúne gente como James Franco, Rihanna, Seth Rogen, Emma Watson, entre outros para uma comédia sobre o fim do mundo.
Já os seríssimos candidatos a flop da temporada são O cavaleiro solitário, nova parceria entre Johnny Depp e Gore Verbinski que bateu o recorde de problemas durante a produção; Depois da terra, M. Night Shyamalan dirige Will Smith em ficção científica e Shyamalan está sempre contra as chances; Gente grande 2, Adam Sandler bancando a sequência de um de seus piores momentos, Os Smurfs 2, o primeiro já não era grande coisa, mas era uma novidade relativa; e The mortal instruments: city of bones, um dos candidatos a “novo Harry Potter” programado para fechar o verão.

Owen Wilson e Vince Vaughn "penetram" no Google dessa vez em busca de uma bilheteria arrasadora


Cinco filmes que serão lançados no verão americano e que podem figurar entre os melhores do ano:

1-Only God forgives
Nova parceria entre Ryan Gosling e Nicolas Winding Refn, diretor de Drive. Um thriller sobre vingança, com fotografia estilizada e trilha descolada ambientado na Tailândia

2- The english teacher
Julianne Moore é uma professora que se envolve com o aluno cheio de pretensões literárias e depois se ressente quando ele fica atraente para outras mulheres.

3- The iceman
Michael Shannon é um homem a serviço da máfia. Sem mais!

4 – Blue Jasmine
O novo de Woody Allen, de volta aos EUA. Sem mais!

5 – Fruitvale
O maior hit de Sundance deste ano recria a história real de um jovem negro assassinado por policiais em São Francisco (EUA) no último dia de 2008.

Fotos: divulgação, EW, reuters