segunda-feira, 3 de junho de 2013

Crítica - Se beber, não case! Parte III

Prova dos nove

A desconfiança com Se beber, não case! Parte III (The hangover- part III, EUA 2013) era grande. O segundo filme, embora recordista de bilheteria para uma comédia com censura 18 anos, era de um mau gosto atroz. Execrado pela crítica e visto com reservas pelo público que abraçou o Se beber, não case! original, o segundo filme pecava, ainda, por repetir milimetricamente a fórmula do anterior (configurando-se como uma refilmagem), só que sem as piadas bem sacadas.
O diretor Todd Phillips para essa conclusão ensejou o que já deveria ter feito antes. Mudou o foco. Tanto da narrativa, não há uma bebedeira histórica ou um casamento prestes a acontecer, quanto na estrutura, o ritmo de comédia de ação é celebrado com gosto neste capítulo.
Tudo em se Se beber, não case! Parte III remete ao primeiro filme. Estamos ainda acompanhando os efeitos daquela ressaca histórica. A opção por dialogar diretamente com os eventos daquele filme e de recuperar algo daquele clima (seja pelo retorno a Las Vegas, pela curta participação de Heather Graham ou mesmo do bebê – já crescidinho – que abrilhantou a aventura de 2009) faz mais pelo terceiro filme do que recolocar a franquia acidental nos trilhos. Sinaliza que aqueles personagens estão amadurecendo. Passa por aí, talvez, a opção por um filme menos histriônico. Comédia e ação sempre fluíram no cinema de Phillips, que antes da franquia dirigiu filmes como Starsky e Hutch – justiça em dobro (2004) e Dias incríveis (2003); aqui ele opta por essa lógica, que a bem da verdade sempre pairou sobre os filmes da franquia com “o mistério da noite de porre” a ser desvendado. Se há menos gargalhadas, os risos – mesmo que nervosos – estão garantidos. Stu (Ed Helms) segue neurótico, Phil (Bradley Cooper), incrédulo de tudo que está acontecendo e Alan (Zach Galifianakis) continua Alan. É justamente o ator quem responde pelos melhores momentos do filme, a exemplo do que ocorrera em 2009.

Olhando com carinho para o original: o bebê de Se beber, não case! está de volta, mais crescido, em uma participação especial

Na trama, Stu, Phil e Doug (Justin Bartha) são convocados pela família de Alan para ajudá-los a convencê-lo a se internar em uma clínica de reabilitação. Alan, que não toma seus remédios há mais de seis meses, está mais descontrolado do que nunca. Durante a viagem para Arizona, onde fica a clínica, o bando de lobos é interceptado pelo mafioso Marshall (John Goodman) que quer que eles encontrem o sr. Chow (Ken Jeong) e o leve a seu encontro. Chow  roubou U$ 21 milhões do mafioso em ouro. Tudo depois daquela fatídica noite em Las Vegas. Como garantia, ele sequestra Doug.
O mais sagaz é que Philips e o roteirista Graig Mazin arquitetaram a trama de maneira que se assemelhasse o máximo possível ao filme de 2009, mas não repetiram as fórmulas como na continuação de 2011. O que se prova, também do ponto de vista da realização, uma medida mais sofisticada, mais madura. Ainda que seja necessário compactuar com certas fragilidades do texto para que o desenvolvimento da trama ocorra como o imaginado.
Já foi anunciado que a franquia acaba aqui. Todo mundo sabe que o correto seria um filme só. Para sempre um vencedor. A trilogia inegavelmente tira um pouco o brilho do filme original, mas esse terceiro capítulo fecha tudo com muita dignidade e, pela nostalgia, dá uma bela de uma polida naquela aventura tão cativante que foi a despedida de solteiro de Doug em 2009.

5 comentários:

  1. Otima crítica. Você falou tudo. O filme sofreu uma polida e fechou com dignidade.
    Adorei o filme. Confirma que o bando de lobos deixará saudades.
    Bjs

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  2. Cris: Deixará mesmo. Coisa que não aconteceria se a memória final fosse o 2ºfilme...
    bjs

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  3. Oi Reinaldo!

    Procurando por foto para ilustrar meu texto... vi o seu. Mas por falta de tempo + digitar devagar + notebook dando defeito... deixei para vir ler outra hora.
    Cá estou :)

    Eu também gostei desse! Amei a cena do Alan com o menininho! Também das referências a outros filmes.

    E Todd Phillips deixou uma "porta aberta" para uma continuação. Que se tiver, irei ver.

    Vou ver se acho por aqui como receber seus textos por email. É que eu custo entrar no Google Reader.

    Boa Semana!

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  4. Oi Lella, qe bom vê-la por aqui. Fico feliz por ter assinado o Feed. Pois é, Se beber, não case! Parte III acabou indo contra as expectativas e se provando um bom filme.
    bjs

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