quinta-feira, 18 de abril de 2013

Os escolhidos para o 66º festival de Cannes


Justin Timberlake e Carey Mulligan em cena de Inside Llewyn Davis, novo filme dos irmãos Coen, um dos principais destaques do festival em 2013


Foi divulgado nesta quinta-feira (18), o line up da 66ª edição do festival de cinema de Cannes, que será realizado entre os dias 15 e 26 de maio e cujo júri será presidido por Steven Spielberg.
Muitos dos filmes que Claquete havia antecipado na última edição da seção Em off integram a mostra competitiva do festival; outros, como The bling ring: a gangue de Hollywood, de Sofia Coppola e Blood ties, de Guillaume Canet foram acomodados em outros eventos paralelos à competição principal.
À primeira vista, trata-se de uma lista de personalidade, mas inferior às últimas edições. Não há medalhões de Cannes como um Pedro Almodóvar, um Michael Haneke ou mesmo Lars Von Trier, que não conseguiu finalizar a tempo seu audacioso projeto The nymphomaniac. É uma das edições, também, com a menor participação de prévios vencedores da Palma de Ouro. Apenas os americanos Steven Soderbergh e os irmãos Coen e o franco polonês Roman Polanski já triunfaram em Cannes, respectivamente com Sexo, mentiras e videotape (1989), Borton Fink – delírios de Hollywood (1991) e O pianista (2002).
No entanto, é preciso reconhecer que a ausência dos titãs de Cannes oxigena o festival que pode ter a chance de apresentar ao mundo trabalhos mais arejados e inovadores. Chamam a atenção a forte presença americana, um hábito cada vez mais encorpado na riviera francesa, a retomada do cinema asiático à parte da produção sul-coreana (protagonista ao lado dos americanos das últimas edições do festival) e a presença solitária da atriz e diretora alemã Valeria Bruni Tedeschi como única mulher na disputa pela Palma de Ouro com Un Chetêau em Italie.
A Europa, como bloco, também se impõe e a América Latina novamente se encolhe. Apenas o mexicano Heli, do espanhol Amat Escalante, representa o continente que já havia desaparecido da seleção do ano passado.

Cartaz do novo filme de Asghar Farhadi, que suscita grandes expectativas, o primeiro depois do Oscar por A separação e o primeiro rodado na França

James Franco, figurinha carimbada dos últimos festivais de cinema (na foto em Berlim), estará na mostra Um certo olhar apresentado mais um filme dirigido por ele 

Expectativas
É inegável que as maiores expectativas pairam sobre a seleção americana. São cinco filmes, se contarmos a coprodução Only God forgives, de Nicolas Winding Refn, que também reúne França e Dinamarca como financiadores. Nebraska, de Alexander Payne é um road movie em preto e branco que dá sequência ao elogiado trabalho de Payne que lhe levou ao Oscar, Os descendentes. Inside Llewyn Davis é o aguardado mergulho dos irmãos Coen na cena folk americana que formou artistas como Bob Dylan. The immigrant, anteriormente chamado Low life, é o restabelecimento da parceria entre o diretor James Gray e Joaquin Phoenix. Prostituição, romance e violência estão no foco do filme. Behind de Candelabra, de Steven Soderberg é a segunda produção original para a tv a aterrissar em Cannes em quatro anos. Em 2010 foi a minissérie Carlos, de Oliver Assayas. Enquanto sinaliza uma flexibilização no conceito de arte e demonstra a força e representatividade da tv americana atual, a opção pelo filme sobre o compositor americano gay Liberace é também uma chance de trazer à pauta de Cannes um tema de reverberação mundial como a união homossexual.
Cena de Jeune et jolie, de François Ozon: um thriller com
forte voltagem sexual em uma edição com propensão
ao sexo
 
Outro filme bastante aguardado é Venus in fur, de Roman Polanski. A produção mostra uma atriz que tenta convencer um diretor de sua adequação para determinado papel. A fita é estrelada por Mathieu Amalric e Emmanuelle Seigner, mulher do diretor. O diretor também exibirá outro trabalho em uma sessão especial.
Outros filmes que suscitam expectativas na disputa pela Palma de Ouro são Jeunie et Jolie, de François Ozon, Le passe, de Asghar Farhadi, La Grande bellezza, de Paolo Sorrentino e Soshite Chichi ni naru, de Kore-eda Hirokazu.
James Franco, que ultimamente tem lançado um filme em cada festival de cinema, é um dos destaques da mostra Um certo olhar com As I lay dying. O principal evento paralelo à disputa pela Palma de ouro terá o filme de Sofia Coppola como exibição na abertura. E é a estrela desse filme que promete ser uma das sensações no tapete vermelho. Trata-se de Emma Watson em papel que Cannes espera desperte algumas polêmicas. A despeito de Franco e Watson, será uma das edições de Cannes menos estreladas. Haverá Justin Timberlake e Ryan Gosling, mas sem figuras como Brad Pitt, Nicole Kidman, Robert Pattinson e Kristen Stewart como no ano passado, reside em Leonardo DiCaprio e o filme de abertura que estrela, O grande Gatsby, a grande coqueluche hollywoodiana dessa edição de Cannes.

1- O astro: Leonardo DiCaprio é a grande aposta para os holofotes em Cannes; 2- O filho pródigo: o idolatrado Roman Polanski volta em grande estilo à riviera francesa; 3- a estrela solitária: Valeria Bruni-Tedeschi é a única cineasta em competição na mostra oficial


Confira os filmes selecionados para a disputa da Palma de Ouro

Only God Forgives, de Nicolas Winding Refn

Borgman, de Alex Van Warmerdan
Behind the Candelabra, de Steven Soderbergh
La Grande Bellezza, de Paolo Sorrentino
Jeune et Jolie, de François Ozon
Nebraska, de Alexander Payne
La Venus a la Fourrure, de Roman Polanski
Soshite Chichi ni Naru, de Kore-Eda Hirokazu
La Vie D'Adele, de Abdellatif Kechiche
Wara No Tate, de Takashi Miike
Le Passe, de Asghar Farhadi
The Immigrant, de James Gray
Grisgris, de Mahamat-Saleh Haroun
Tian Zhu Ding, de Jia Zhangke
Inside Llewyn Davis, de Ethan Coen, Joel Coen
Michael Kohlhaas, de Arnaud Des Pallieres
Jimmy P., de Arnaud Desplechin
Heli, de Amat Escalante
Un Chateau en Italie, de Valeria Bruni-Tedeschi



3 comentários:

  1. Uma seleção bem heterogênea, essa de Cannes, em 2013. Bons diretores, representantes de vários tipos e estilos de se fazer cinema. Acho que Spielberg e cia. limitada terão trabalho em escolher os vencedores. Vamos torcer, no entanto, para ele não puxar sardinha para os norte-americanos.

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  2. Ótima análise e panorama, Reinaldo. Realmente, Cannes esse ano está mais eclético e sem francos favoritos, vamos acompanhar as notícias para ver o que nos aguarda.

    bjd

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  3. Kamila: Não sei se vão ter trabalho não Ka. Não há aquele nome maior que a vida, talvez Polanski, e nenhum trabalho sobre o qual paire extremas expectativas... Vamos acompanhar!
    bjs

    Amanda: that´s the spirit!
    bjs

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