domingo, 31 de outubro de 2010

Insight

 A visão de cineastas não corporativos



Em matéria publicada por Claquete sobre o filme A suprema felicidade, Arnaldo Jabor teceu um comentário interessante. Para o diretor, o cineasta é encolhido em seu mundo. Trabalha de acordo com uma lógica corporativa que não favorece a arte que produz. “Cineastas levam uma vida muito corporativa. Muito pequena”, exclamou. Jabor desenvolve seu raciocínio estipulando que sua experiência como jornalista o ajudou a aprofundar sua visão de mundo e a suprir algumas carências que sequer desconfiava possuir. É uma construção de raciocínio interessante. Steven Spielberg, talvez a figura primária quando se visualiza a imagem de um diretor, só foi se graduar como cineasta no início desta década. Já tinha dois Oscars no currículo. Fernando Meirelles, outro diretor dos mais interessantes, é arquiteto de formação e trabalhou com publicidade (ainda trabalha) por anos a fio antes de migrar para o cinema. Gente como David Fincher e Spike Jonze vieram dos videoclipes e oxigenaram a linguagem cinematográfica na última década. Podemos presenciar também atores assumindo a cadeira de diretores e extraindo ótimos resultados tanto de seus atores quanto do roteiro como o provam as recentes incursões de Ben Affleck (Atração perigosa) e Marco Ricca (Cabeça a prêmio).
Quer dizer que é ruim ser diretor de cinema de formação? Não é essa a questão. Mas Jabor, brilhantemente, capturou a dicotomia. Não é possível radiografar algo (e o cinema em última instância pensa e repercute a sociedade) sem se aprofundar. Sem investigar. Sem experimentar. Não apenas em termos estéticos, como propõe com relativo sucesso cineastas como Jean Luc Godard e Lars Von Trier, mas em termos empíricos. Tanto Fernando Meirelles quanto Jabor não são desapaixonados pelo cinema em sua essência representativa, mas reconhecem que o mesmo pode ficar paralisado de tempos e tempos se escorado apenas em sua própria iconografia. Ao acumular experiências e percepções diversas, esses cineastas “pangarés” contribuem para a evolução do cinema enquanto arte e para a progressão de sua força representativa.

ESPECIAL HOMENS EM FÚRIA - Contexto

Quando o outro é o espelho

Em Homens em fúria, somos apresentados a dois homens enrustidos. Não no sentido de orientação sexual geralmente atribuído ao termo, mas no sentido de esconderem seus anseios nas profundezas do inconsciente. Esse expediente dramático é muito eficiente para o cinema e para a literatura, pois possibilita um valioso conflito. Homens em fúria (Stone, EUS 2010), porém, não se detém apenas a esse componente. Na trama, Jack (Robert De Niro) e Stone (Edward Norton) apresentam visões de mundo opostas. E atravessam momentos opostos também. Ambos já vivenciaram os fatos definidores de suas vidas (no caso de Stone o crime que cometeu e no de Jack uma atitude em particular que vemos no prólogo do filme). Ambos estão às voltas com a religiosidade. Jack perambula pela igreja, mas não consegue se conectar. Stone recorre a fé para manter a serenidade que parece lhe escapar quando o conhecemos. Jack é conservador e parece acreditar nas instituições (como família, lei, Deus), embora nunca tenhamos certeza se ele acredita ou se nós acreditamos que ele acredita. Stone não dá a mínima para as instituições, até o momento em que percebe que essa postura lhe atribula mais do que ele imaginava.

Em Filadélfia, visões de mundo antagônicas se chocam em uma experiência definidora


Estamos diante de um clássico confrontamento materializado na figura de dois personagens poderosos. O ponto de intersecção passa por questões ligadas a moral e a fé. Debater a humanidade, nesses moldes, é algo que o cinema faz com certo apreço. Essa dicotomia está presente no argumento de filmes tão dispares como Filadélfia (em que advogado preconceituoso vivido por Denzel Washignton vai desvincilhando-se de seu preconceito conforme avança na defesa do personagem vivido por Tom Hanks) e Batman –o cavaleiro das trevas (em que o caótico coringa exorta as disfunções do mundo a um Batman unidimensional). O mais interessante a se observar na proposição desse exercício são as diferentes soluções aventadas nessas obras. Mesmo distintas, elas se relacionam no sentido de prover um comentário profundo das angústias humanas. A psicologia dos personagens e seus dramas legitimam esses filmes como estudos do homem e o meio.

Em 500 dias com ela, Tom acredita no amor e Summer não. O filme não terminará sem que o choque dessas visões de mundo produza mudanças na vida dos dois


Se você gostou da seção deste mês e deseja repercutir o tema abordado sob esse e outros pontos de vista, Claquete recomenda:


Filadélfia (Philadelphia, EUA 1993), de Jonathan Demme
Antes de partir (The bucket list, EUA 2007), de Rob Reiner
Batman – o cavaleiro das trevas (Batman – the dark Knight, EUA 2008), de Christopher Nolan
Tropa de elite (Brasil 2007), de José Padilha
500 dias com ela (500 days of Summer, EUA 2009), de Marc Webb

sábado, 30 de outubro de 2010

ESPECIAL HOMENS EM FÚRIA - Edward Norton em cinco takes

Estréia consagradora

As duas faces de um crime (Primal fear, EUA 1996)

Não é para qualquer um. Logo em sua estréia no cinema, então com 27 anos, Norton arrebatou público e crítica com sua performance de um homem com distúbios mentais no drama de tribunal dirigido por Gregory Hoblit. Ofuscou os protagonistas vividos por Richard Gere e Laura Linney e beliscou uma indicação ao Oscar de coadjuvante com uma composição assustadora e dissimulada que até hoje arrepia.



Carregando um filme

A outra história americana (American history X, EUA 1998)

Esse talvez seja o filme mais indicado para sintetizar quem é Edward Norton enquanto ator. Aqui ele cria um personagem de extremos. Vivendo um neonazista que se redime na prisão, Norton faz uma composição cheia de nuances, mas não escapou dos conflitos com o diretor. Tony Kaye desautorizou a versão que foi aos cinemas e fez duras críticas ao comportamento do ator que ainda se envolveria em outros conflitos com estúdios e diretores. Norton foi indicado ao Oscar pelo papel e continua como um dos grandes astros do cinema (é tido como um ator comprometido, mas de temperamento difícil) e Kaye se refugiou na TV.



A pegada cult

Clube da luta (Fight club, EUA 1999)

Dá para dizer que Norton alcançou público mesmo com esse filme. Paradoxalmente (mesmo com duas indicações ao Oscar na bagagem) foi o drama existencial de David Fincher que o fez ser percebido como um ator cult. Que objetiva dizer algo com seus filmes. Aqui ele cria o sujeito comum, massacrado pela vida moderna e tem Brad Pitt como alterego.



Expandindo os horizontes

Tenha fé (Keeping the faifh, EUA 2000)

Nessa comédia que mescla com desenvoltura amor e religiosidade e os princípios que se impõem entre ambos, Norton divide a cena com Ben Stiller e também assume a direção e o argumento da fita. A estréia como diretor foi promissora e criou expectativas, mas o ator não tem demonstrado interesse em voltar ao ofício.

 
Com fúria e minimalismo

A última noite (25th hour, EUA 2002)

Neste melancólico e intimista drama dirigido por Spike Lee, Norton demonstra toda a sua força como ator. Com algumas cenas que fazem o espectador dá um nó na garganta e querer aplaudi-lo sem mesmo saber por quê. No filme ele vive um homem em sua última noite de liberdade. Um Edward Norton visceral e mimético aparece das sombras da Nova Iorque de Spike Lee.

Crítica - Instinto de vingança

Coração danado!


Baseado em um conto de Edgar Allan Poe, Instinto de vingança (Tell tale, EUA/ING 2009) não honra as calças que veste, por assim dizer. O filme pouco lembra a verve narrativa de Poe e, simplificado do jeito que está, se inscreve como um banal thriller policial. Não à toa, a fita foi lançada diretamente no mercado de homevideo nos EUA. No Brasil o filme ganhou um melancólico lançamento nos cinemas mais de um ano depois de sua chegada as megastores americanas.
Dirigido por Michael Cuesta, a produção da Scott Free (produtora dos irmãos Ridley e Tony Scott) prima pela banalidade e previsibilidade. Fosse apenas o improvável argumento o problema (homem com coração transplantado interpreta batimentos cardíacos acelerados e se vinga dos responsáveis pela morte de quem lhe doou o coração) estaria bom, mas Instinto de vingança não consegue manter o espectador em estado de alerta. A jornada de Terry (Josh Lucas) pouco cativa.
Cuesta vem da TV e talvez lhe falte o cacoete do cinema. Há algumas cenas bem aclimatadas, mas no geral o filme não se sustenta. Outro aspecto empobrecedor nesse sentido é a previsibilidade da trama. Algo capital em um filme que se pretende de suspense. A obviedade do desfecho se anuncia com meia hora de projeção e impacienta espectadores mais calejados em tramas do gênero policial.
Não que Instinto de vingança seja totalmente execrável. Não é o caso. Há muitos filmes mais merecedores desse adjetivo. Instinto de vingança tem bons atores (além de Lucas, os britânicos Lena Headey e Brian Cox tentam contornar o marasmo com algum sucesso) e uma bem sacada relação com um problema sério que o cinema só parece interessado em tratar em produções escapistas como essa. Instinto de vingança é, por mais clichê que isso possa parecer, a confirmação da tese: quem vê cara não vê coração.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A suprema felicidade - Em busca do elo perdido

Você se acostumou a vê-lo comentando o noticiário político nacional em alguns telejornais da Globo ou como cronista social (mas sem perder a política da mira) em colunas publicadas nos jornais O Globo e O Estado de São Paulo. Pode se lembrar, também, de seus comentários na cerimônia do Oscar (desde um imbróglio na cobertura de 1998 envolvendo o ator Robin Willians não comenta mais) ou, quem sabe, de ler suas coletâneas publicadas reunindo crônicas inéditas ou veiculadas na rádio CBN e nos referidos jornais.
Muito dificilmente, a não ser que você seja um entusiasta do cinema nacional, irá se recordar de Arnaldo Jabor como cineasta. Saber que ele é cineasta e jornalista é uma coisa, recordá-lo como cineasta é outra.
Parte dessa memória é algo que Jabor planeja resgatar com A suprema felicidade (Brasil 2010), filme que estréia hoje nos cinemas de todo o país. “Adorei fazer jornal e TV, mas nos últimos anos, passei a sentir saudades de cinema. Só escrever e falar de política no Brasil envenena a alma, você tem que prestar tanta atenção no erro que comecei a sentir saudade da arte, do mistério da arte. Então decidi voltar a filmar apenas pelo prazer poético de fazer”, argumenta o diretor em entrevista promocional.

Jabor nos sets de A suprema felicidade: saudades do cinema...


Poesia, aliás, é uma palavra apropriada ao filme. A suprema felicidade é autoral no sentido de revitalizar um Rio de Janeiro que não existe e, possivelmente, jamais existiu. “Acho que o espectador poderá reencontrar nesse filme algo que se perdeu: um tempo de delicadeza, quando havia mais esperança, mais certezas”, argumenta o cineasta. O Rio de Janeiro lúdico de Jabor, portanto, é um convite ao exercício da nostalgia e do otimismo.
“Como diretor, Jabor explica muito bem, mas às vezes era mais interessante prestar atenção na emoção com que ele descrevia a cena do que nas próprias palavras do roteiro”, observa Marco Nanini, que interpreta o avô de Paulo, protagonista do filme.
Na trama, acompanhamos o desenvolvimento de Paulo e o curso de sua vida através de décadas de transformações sociais e íntimas. As descobertas e rituais que Paulo atravessa são oportunidades para que Jabor expresse sua visão de mundo de uma outra maneira: “Vejo esperança nos afetos, nas emoções, na compaixão, na sexualidade”, enumera o diretor.
Confrontado com aquilo que talvez mais instigue o público, acerca do peso de sua experiência como jornalista neste retorno ao cinema, Jabor se escora na diplomacia: “Não revi meus filmes anteriores e não acho que tenha sido diretamente influenciado por eles. Fui influenciado pelos filmes que já vi, pelos livros que li, por Nelson Rodrigues, pela própria vida. A experiência jornalística foi muito positiva – abriu minha cabeça para várias realidades. Cineastas levam uma vida muito corporativa, muito pequena. Fiquei mais seguro e aprofundei coisas que eu não conhecia”.

 Elenco afiado: Jabor conta com um conjunto de atores que enobrecem o registro que ambiciona fazer


Noite de gala: Na quarta-feira, dia 27 de outubro, Jabor apresentou seu filme em pré-estréia em São Paulo com parte do elenco e convidados de prestígio como o cineasta Hector Babenco


De qualquer maneira, A suprema felicidade marca o retorno de um cineasta pensador, que busca uma experiência mais altiva com o espectador: “em boa parte da produção contemporânea, o espectador é quase personagem de um videogame que é o filme e que lhe diz o quê e como deve se sentir. De tanta informação, as pessoas estão ficando cegas, e já que ninguém tem mais clareza sobre nada, decidi falar sobre uma coisa sobre a qual tenho certeza e conheço: o mundo da minha infância e da minha juventude. O filme tem um tempo, os personagens têm um tempo e o espectador também tem um tempo. A Suprema Felicidade busca uma identificação com o espectador – se conseguir isso, já fico feliz”.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Atração perigosa - Aliando aspectos autorais a fórmulas comerciais

“Affleck sabia que tinha uma oportunidade única nas mãos”, escreveu em seu blog o crítico e observador da indústria de cinema Patrick Goldstein em referência ao significado de Atração perigosa (The Town, EUA 2010) para o ator, diretor e roteirista Ben Affleck.
Depois de uma estréia elogiada com Medo da verdade (Gone baby gone, EUA 2007), filme que entrou no ranking dos 25 melhores filmes da década organizado por Claquete, Affleck precisava mostrar que não foi acometido por aquela conspiração universal chamada sorte de principiante. “Em Atração perigosa, Affleck tinha que provar que sabia contar uma história e ainda entregar o filme que o estúdio queria”, observou em matéria sobre o filme a revista Entertainment weekly. “Eu sabia o que queria fazer”, retruca Affleck que admite ser fã do subgênero conhecido como heist movie, mas não vê razão do por que se limitar a ele: “a ideia desses personagens viverem com segredos e ao mesmo tempo buscarem um vínculo verdadeiro me envolve”.
Affleck se refere ao conflito vivido por Doug MacRay, interpretado pelo próprio ator. Líder de uma bem sucedida quadrilha de assaltantes, Doug tenta administrar personalidades conflitantes. Após uma complicação em um das ações da quadrilha, Doug se aproxima de uma mulher feita refém (personagem de Rebecca Hall) para se certificar de que ela não será capaz de reconhecê-los. Ele não contava que iria se apaixonar pela mesma. Uma estrangeira, assim como Doug se sente em relação a seus amigos, hábitos e tudo o mais.
Paralelamente a isso, o agente do FBI Adam Frawley (Jon Hamm) tenta desbaratar a quadrilha e percebe que para alcançar seu intento a chave é a personagem de Rebecca Hall.


 A razão do título nacional: Rebecca Hall e Ben Affleck em cena. Afinidades que vão muito além da atração...


Direto de Mad men: Jon Hamm encarna um detetive obsecado em desbaratar a quadrilha liderada pelo personagem de Affleck


“Impressiona o vigor da trama policial, mas o que mais chama a atenção é a profundidade dos personagens”, destacou Goldstein em sua resenha do filme. Atração perigosa está sendo cotado para ser um dos concorrentes ao Oscar 2011 e Ben Affleck já se fiou como diretor promissor. A Warner já projeta uma relação com ele nos moldes da que mantém com cineastas como Clint Eastwood, Christopher Nolan e Steve Soderbergh. Boatos indicam que ele deve rodar a ficção científica Replay, engavetada pelo estúdio há uma década.
Mas as críticas positivas ao novo trabalho de Affleck não se restringem a crítica americana. No Brasil, veículos distintos como Veja, O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Época e O Globo apontam para uma unanimidade: Affleck promete ser um cineasta de mão cheia.
A partir desta sexta-feira (29 de outubro), o cinéfilo poderá tirar suas próprias conclusões. Não que elas devam ser muito diferentes desse coro cada vez mais afinado.

Panorama - A fita branca



À época do festival de Cannes do ano passado (do qual saiu vencedor) e em seu lançamento no Brasil, sob as expectativas da vitória no Oscar (que não se confirmou), o último filme de Michael Haneke foi tomado como uma elaborada e intrincada análise sobre a gestação do nazismo. Em A fita branca (Das Weisse Band, Alemanha 2009), acompanhamos um remoto vilarejo alemão que é acometido por estranhos casos de violência.
O que Haneke reproduz aqui, e com insuspeita propriedade, é a força desestabilizadora que uma educação repressora e opressiva exerce sobre crianças. É sobre a gestação do mal (e sua proliferação aguda e ostensiva), portanto, que versa A fita branca. Datar o elaborado trabalho de Haneke é um prejuízo intelectual e não faz justiça a obra. As origens do nazismo permeiam o registro. A ambientação às vésperas da primeira guerra mundial permite tal dedução, mas essa restrição tem mais a ver com o exercício da crítica de fustigar sentido específico do que com a robustez do comentário (que em si não se esgota) de Haneke. Aliás, o filme não se resolve. Em uma demonstração vívida de que o nazismo é apenas um dos elementos, não o foco do ataque de Haneke. Um autor que sempre prima pela profundidade, mas há quem insista na circunstância.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

ESPECIAL HOMENS EM FÚRIA - Perfil: Robert De Niro

O homem que é uma unanimidade

Diz o senso comum que toda a unanimidade é burra. Diz o senso comum, também, que Robert De Niro é um papa da atuação. Um dos maiores atores que já pisou no planeta. Seria um contrasenso comum ou estamos diante de uma revolução semântica? Nem tanto a Deus nem tanto ao Diabo reza outro dito popular. Robert Mario De Niro Jr. é um nova-iorquino nascido em pleno estupor da segunda guerra mundial (17 de agosto de 1943) e de ascendência italiana (característica que lhe marcou a carreira). Falar que De Niro venceu um câncer na próstata talvez seja lisonjeiro demais. Talvez de menos. Falar que fundou o Festival de cinema de Tribeca em homenagem às vítimas dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 talvez seja desnecessário. Talvez não. Falar que é adepto de casamentos longos (é casado com Grace Hightower desde junho de 1997) talvez seja despropositado. Talvez não. Lembrar que é um democrata fervoroso que se engajou nas campanhas de Bill Clinton, Al Gore e, mais recentemente, Barack Obama talvez seja inoportuno.Talvez não. Falar que criou uma bem sucedida rede de restaurantes italianos no leste americano e que teve o tino empreendedor reconhecido por revistas do segmento talvez seja um adendo circunstancial. Talvez não.

A capa de revista que diz tudo: ator venerado nos quatro cantos da terra 


Na sexta colaboração com Scorsese, De Niro assume a loucura. Juliete Lewis à época do lançamento do filme declarou a respeito do colega de cena: "Ele me provocava um misto de medo e tesão"


Robert De Niro é um ator que provoca calafrios. Há quem diga que hoje ele só se repete e há quem diga que ele conquistou esse direito. Mas como? Basta ao incauto leitor rever a história. Comece por O poderoso chefão 2 (1972), não foi efetivamente a estréia de De Niro no cinema (ele já havia feito umas duas ou três produções obscuras), mas se oficiou como a estréia de De Niro. Laureada com o Oscar, poucas vezes uma estréia foi tão vaticinante. O talento bruto, explosivo e hipnotizante valeu um curioso status na história do cinema. Don Corleone tornou-se (com a premiação de De Niro) o único personagem a render dois Oscars para intérpretes diferentes (o outro havia sido Marlon Brando pelo filme original). E se você quer entender De Niro vá aos filmes de Scorsese. Comece pelo início, ou seja, por Caminhos perigosos (1973), continue pelo duo mais louvado da época Taxi driver (1976) e Touro indomável (1980). No meio deles, se refresque com o musical New York, New York (1977). Ainda com Scorsese, o ator pode ser visto no pouco compreendido O rei da comédia (1983), no definidor Os bons companheiros (1990), no agonizante Cabo do medo (1991) e no analítico e nostálgico Cassino (1995). Se De Niro ascendeu ao olímpo dos grandes intérpretes com Scorsese, foi com outros cineastas que ele se testou. Foi o demônio nas mãos de Alan Parker em Coração Satânico (1987) e um homem modificado pela guerra em O franco atirador (1978) de Michael Cimino. Conferiu charme a face criminosa para cineastas que se fizeram no gênero. Michael Mann (Fogo contra fogo), Brian De Palma (Os intocáveis) e Quentin Tarantino (Jackie Brown).
Mais recentemente se engajou nas comédias, filão que descobriu levar jeito parodiando a si mesmo em Máfia no divã (1999). Mas se prepara para retomar a parceria com Scorsese em um filme sobre a máfia irlandesa.
Dizer que Robert De Niro é um gênio do cinema talvez seja redundante.Talvez não.

Ao lado de outro ícone do cinema, Al Pacino, nos sets de As duas faces da lei (2008)

ESPECIAL HOMENS EM FÚRIA - Ela é o motivo!


Muitos filmes se assentam sobre a disputa de dois homens por uma mulher. É um dilema de ares shakespearianos muito bem aproveitado pelo cinema em linhas gerais. Não é exatamente o mote de Homens em fúria, mas a ideia está lançada em seu âmago. E que mulher mais indicada para protagonizar a polarização entre dois homens perturbados do que a ucraniana Milla Jovovich? A modelo fez sua estréia no cinema americano em De volta a lagoa azul (1991), aos 16 anos de idade e com uma beleza hipnótica. Mas só dali a alguns anos pelas mãos de Luc Besson (com quem se casaria) que Milla virou grife no cinema. Ao ser o quinto elemento que Bruce Willis tem de proteger no filme O quinto elemento (1997), a atriz cativou pela beleza e pelo carisma. Besson fez um épico só para ela (Joana D´ Arc) que naufragou junto com o casamento. Vieram participações em filmes como Zoolander e O hotel de um milhão de dólares até que surgisse a franquia baseada nos games Resident Evil (2002) e novo casamento, dessa vez com o diretor Paul W. Anderson. O filme que chegou ao quarto exemplar em 2010 sedimentou Milla como action hero e fez de sua exuberância física não só um ás para a série, como algo reconhecível quando se fala da atriz. Justamente por isso, clama à curiosidade sua participação em Homens em fúria. Milla aqui assume um papel dramático até então inédito em sua carreira. Investindo na sensualidade inerente a sua pessoa e exibindo muita segurança ao desvendar um personagem com inclinação polêmica, Milla demonstra que tem estofo dramático para viver sem zumbis.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Crítica - O solteirão

Um ator em estado de graça!

Michael Douglas e Susan Sarandon em cena de O solteirão: Douglas dispara na corrida pelo Oscar com uma composição assombrosa de um homem frágil e refratário

Não é segredo para ninguém que um bom ator em um bom momento pode potencializar, e muito, a experiência que se tem dentro de uma sala de cinema. É mais ou menos isso que faz Michael Douglas em O solteirão (Solitary man, EUA 2010). Não se deixe enganar pelo péssimo título nacional, este filme não é uma comédia sobre um homem livin´ la vida loca. Há humor, mas do tipo desesperançoso que se camufla em constrangimento e comiseração. Douglas é Ben, um homem que estragou um casamento sólido e uma bem sucedida carreira de empresário. Não testemunhamos o personagem desmoronar em seu destino, mas o flagramos debatendo-se com a insurgente verdade de sua vida. Ele está só. Ben vislumbra no namoro com uma socialite nova-iorquina (Mary Louise Parker) a chance de escalar o topo novamente (devido as boas conexões do pai da moça). Mas Ben, por razões que vamos descobrindo à medida que o filme avança, está entregue a impulsos auto destrutivos que não parecem ter limites e após dormir com a filha de sua namorada põe essa “nova” chance a perder.
Daí em diante, vemos a derrocada de um homem que se recusa a assumir responsabilidades e encarar a vida de frente. A jornada de Ben para dentro de si mesmo é de uma poesia angustiante. O roteiro de Brian Koppelman é brilhante por não defender o personagem e, pelo contrário, expor as fissuras em sua alma à medida que o conhecemos mais. Nesse sentido, a atuação de Michael Douglas é providencial. O ator domina a figura de Ben com densidade maiúscula. É possível tocar a amargura do personagem. Sente-se carinho, piedade e desprezo por Ben, mas mais do que isso, Douglas permite que compreendamos aquela figura, suas escolhas e suas reminiscências. Todo esse processo só se torna orgânico graças a performance extraordinária do ator. Aqui Douglas está em seu melhor momento desde Garotos incríveis (2000) e uma indicação ao Oscar seria, no mínimo, justa para honrar tal estado de graça.

Claquete destaca

+ Não são só os produtores e estúdios americanos que têm fome de dinheiro e lucro nas bilheterias. No Brasil isso também ocorre. É lógico que em dimensão menores, já que o sistema de captação de recursos e produção do audiovisual no país ainda está na idade média. Contudo, com o sucesso de Tropa de elite 2, produzido às margens desse sistema (ou seja, uma produção independente), alguns produtores associados se animaram com a potencial franquia e já planejam um terceiro filme.


+ Empresários ligados a Riachuelo, Ambev e Claro já tentam dissuadir José Padilha da ideia de encerrar os trabalhos de Nascimento (Wagner Moura) no segundo filme. Como o negócio é fazer dinheiro, a ideia é lançar a terceira “aventura” de Nascimento em 3D.


+ Em enquete promovida pelo blog, o empate prevaleceu. 40% dos leitores acham que o novo Tropa de elite é superior ao primeiro, enquanto que 40% acha que o primeiro filme estrelado por Nascimento é o melhor. Os outros 20 % creem que os dois filmes têm o mesmo nível.



+ E James Cameron não quer mais saber de celibato. Responsável pela produção do remake de Viagem fantástica, Cameron deve anunciar nos próximos dias o francês Louis Leterrier como o diretor da empreitada. A pré-produção deve começar nos primeiros meses de 2011.


+ Leterrier tem sido uma escolha frequente para projetos de grandes orçamentos. Depois de O incrível Hulk (2008), uma espécie de remake, ele esteve a frente de outro remake, Fúria de titãs (2010). Em ambos foi mal sucedido nas bilheterias e na repercussão junto a crítica. Resta saber como será agora com um perfeccionista e egocêntrico produtor no seu encalço.

Leterrier orienta Sam Worthington nos sets de Fúria de Titãs: mais um remake na conta...


+ A Warner e Christopher Nolan estão em meio à outra polêmica. Depois do conflito acerca do uso do 3D no terceiro filme do Batman (disputa vencida pelo diretor, já que o novo filme do morcego não terá a tecnologia), estúdio e diretor brigam por causa de um dos maiores sucessos do cinema em 2010. A Warner quer A origem 2 e Nolan não aceita fazer. Boatos dão conta de que caso o estúdio não consiga persuadir Nolan, contrataria outro diretor para assumir o projeto.


+ A pendenga mostra como os estúdios em nome dos dólares minam a criatividade de seus talentos mais preciosos. Nolan e Warner estabeleceram uma boa relação desde Insônia (2002) que em 2010 tem sido arranhada por esses episódios. Esse conjunto de fatores faz temer pela qualidade do novo filme do Batman e pelo futuro dessa relação no cinema.


+ O diretor Francis Ford Coppola já tem seu próximo projeto definido. Trata-se de Twixt now sunrise, filme cujo roteiro é de autoria do próprio Coppola. Val Kilmer e Elle Fanning (que rodou Somewhere com a filha de Coppola, Sofia) estão no elenco. O filme é sobre o encontro de um homem com o diabo.

+ Foram liberadas novas imagens de Entrando numa fria maior ainda com a família, terceira aventura da família Focker no cinema. O filme estréia no natal nos EUA e deve estrear no Brasil no último dia de 2010. De Niro estampa um dos novos cartazes. Confira!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

ESPECIAL HOMENS EM FÚRIA - Crítica

Deletério!

Quando um filme tem um prólogo poderoso e insidioso como o que tem Homens em fúria (Stone, EUA 2010), você sabe que vem coisa boa pela frente. A fita de John Curran é um meticuloso estudo de personagem e, mais que isso, de personalidades. Robert De Niro dá viço a um homem cansado, rústico, retrógrado e infeliz. Esse homem tem a sintomática função de julgar se um prisioneiro está apto ou não a ser reintegrado à sociedade pela via da liberdade condicional. Edward Norton faz o prisioneiro que prefere ser chamado pelo pouco lisonjeiro apelido de Stone (algo como chapado) e demonstra ser um tipo irritadiço. A partir da convivência durante a fase de análise que antecede a soltura (ou não) de Stone é que o filme situa seus personagens para a platéia. A carga emocional destes dois homens que se posicionam cada vez mais em sentidos opostos (e não se trata de usar a lei como parâmetro).


A vida como ela é: personagens presos a suas obsessões são a matéria prima de Homens em fúria

Erra quem pensa que Homens em fúria é um suspense banal como sugerem o nome nacional e todo o marketing da distribuidora. Homens em fúria é um drama de cunho existencial que vai pincelando personagens fortes e oferece leituras que se enraízam firmemente nos conflitos vividos por esses personagens. O fato da mulher de Stone, Milla Jovovich, ser uma ninfomaníaca que se envolve com o personagem de De Niro tem menos a ver com a vontade de ajudar seu marido e mais com esse impulso destrutivo que não consegue controlar. Na mesma medida está a postura controladora e podadora do personagem de De Niro que mantém sua mulher (Frances Conroy) prisioneira em um casamento infértil. Já Stone percebe que contar mentiras e atuar no teatro social que seu papel de prisioneiro exige não lhe trará ganho real e será questão de tempo para que esteja de volta àquela mesma situação. É do intercambiamento dessas percepções – todas alçadas com sutilezas de imagens e silêncios, que Curran tece um poderoso painel sobre a razão, e a necessidade, da fé em dias como os que vivemos. Homens em fúria, no final das contas, mostra homens (no sentido de humanidade) que não sabem ao certo como controlar seus sentimentos.

domingo, 24 de outubro de 2010

De olho no futuro...

Seleção de responsa!

A 34ª Mostra internacional de cinema de São Paulo já está acontecendo e deixando milhares de cinéfilos correndo para cá e para lá para aproveitar o melhor da cinematografia mundial exibida em duas semanas na cidade. Muitos destes filmes, como se sabe, não chegam a ter distribuição comercial no país. Felizmente, cada vez mais, uma fatia maior (embora ainda insatisfatória) de filmes exibidos na Mostra chegam ao nosso circuito.
Alguns filmes que prometem ser sensação na edição deste ano já tem data para chegar aos nossos cinemas. Atração perigosa, de Ben Affleck é o primeiro deles. Chega já na próxima sexta. Outra elogiada fita americana, Minhas mães e meu pai, chega no dia 12 de novembro. Também em novembro estréiam o novo Woody Allen (Você vai conhecer o homem dos seus sonhos) e Lope, co-produção entre Espanha e Brasil dirigida por Andrucha Waddington. Programados para dezembro estão Film socialisme, de Jean-Luc Godard, O garoto de Liverpool, de Sam Taylor-Wood e Turnê, de Mathieu Amalric.


Premiado em Cannes como diretor, Amalric e seu Turnê são opções cults para o cinéfilo paulistano na Mostra de cinema


De volta a Pandora

No calor do relançamento de Avatar nos cinemas brasileiros (o que? Você não sabia?), James Cameron anda falando de sua cria mais abastada. O diretor anunciou que filmará duas sequências do filme simultaneamente. Avatar 2 e 3, portanto, serão concebidos juntos. O segundo filme, que se chamará Na´vi, em referência aos habitantes de Pandora, deve ser lançado em 2014 e o terceiro no ano seguinte.
Cameron deixou claro que não pretende passar um longo tempo sem dirigir. Antes de voltar a Pandora, porém, o diretor está envolvido em dois projetos (a adaptação do anime Battle Angel e At the mountain of madness) que já estão em pré-produção. Cameron também está em negociações para dirigir o épico Cleópatra: a life.


A rota de Dhalia

O diretor brasileiro Heitor Dhalia precisa de um tempo para pensar. Conforme já anunciado previamente em Claquete, o diretor está ligado aos projetos April 23 (produção anglo-americana) e Serra Pelada (nas palavras do próprio Dhalia um épico nacional que será estrelado por Wagner Moura). Na última semana surgiu a notícia de que Dhalia está em negociações para dirigir If I stay, baseado na obra de Gayle Forman. Para o filme acontecer é necessário que os produtores fechem com a estrela Dakota Fanning que estaria interessada no projeto. Dhalia foi (e é) a primeira opção dos produtores que ficaram impressionados com seu último filme, À deriva.

 
A igreja e a polêmica
 
Enquanto no Brasil a propaganda eleitoral se pauta pela questão do aborto, o cinema americano investe no portoseguro do terror, isto é, exorcismo. Só que agora com a benção do vaticano. Em The rite, Anthony Hopkins é um padre que resolve excrutinar o ritual. E para não dizer que a relação com o Brasil foi forçada, há sangue brasileiro na fita. Alice Braga faz uma coadjuvante e aparece no trailer que Claquete traz para você.
 




Holofote

É duro ser Angelina: Jolie terá uma dor de cabeça a mais quando começar a rodar seu filme na Bósnia


Angelina Jolie não lançou nenhum filme este mês, mas de alguma maneira tornou-se uma das protagonistas do noticiário de cinema no período. Enquanto se prepara para viver Cleópatra no cinema, um papel que admitiu em entrevista a um programa matinal americano estar “muito ansiosa e honrada”, aguarda a definição do diretor pela Sony Pictures (estúdio que produzirá e distribuirá o longa). Enquanto aguarda o universo se alinhar para a história de Cleópatra ganhar os cinemas novamente, ela se engaja em sua estréia como diretora. O projeto, ainda sem nome, contará a história de amor entre uma bósnia e um sérvio em plena guerra da Bósnia. Depois de anunciar no fim de setembro os protagonistas de seu drama (a atriz bósnia Zana Marjanovic e o ator croata Rade Serbedzija) e de começar a visitar algumas locações no leste europeu, a atriz se viu envolvida em um incidente diplomático. O ministério da cultura bósnio revogou a autorização de Angelina para rodar cenas de seu filme no país. A atitude foi motivada por protestos de entidades civis que não aceitavam o mote do filme. Angelina declarou à imprensa que seu filme se trataria de uma história de amor, não política e se disponibilizou para prestar esclarecimentos a quem quer que fosse. Não foi necessário. Na última semana o ministério bósnio voltou atrás e concedeu, novamente, autorização para Angelina gravar no país. Apesar da boa nova, as mesmas entidades civis que conseguiram a primeira proibição asseguraram que continuaram protestando e que protestarão durante a estadia de Angelina no país. De acordo com uma dessas entidades, “Mulheres bósnias vitimas da guerra”, Angelina não tem condições para entender o que passou uma mulher bósnia na guerra e que é inconcebível que uma bósnia estuprada por um soldado sérvio se apaixone pelo mesmo (como ocorre no argumento do filme de Angelina).

Primeira mão



Foi divulgado o poster de Conviction, mais um drama baseado em história real estrelado por Hillary Swank. Já existe Oscar buzz para ela e seu parceiro de cena, Sam Rockwell. O filme ainda não tem previsão de estréia no Brasil



Viggo Mortensen e Keira Knightley em cena de A dangerous method, novo filme de David Cronenberg que está cotado para ter premiere mundial no próximo festival de Cannes


Jason Stathan e Robert De Niro dividem a cena em The killer elite, filme que ainda está em fase de filmagens

ESPECIAL HOMENS EM FÚRIA - Insight

 A química dos astros




Se existe algo que transcende os papos da cinefilia é o poder de atração que astros de cinema exercem sobre nós mortais. Sempre foi assim. A era de ouro de Hollywood se caracterizou pelos contratos milionários que estúdios de cinema travavam com astros e estrelas que ficavam enclausurados e, muitas vezes, tinham que encenar suas vidas reais. Galãs tinham sua opção sexual escondida e atrizes eram projetadas como símbolo sexual. A era de ouro se foi, mas a atração que celebridades exercem continua. Transfigurada na cobertura simbiótica que tablóides e revistas de fofoca fazem do dia a dia de astros e estrelas.
O cinema sempre foi ponto tangencial do genuíno interesse que uma celebridade desperta. Em uma recente pesquisa promovida com seus leitores, a revista Empire apurou que 55% deles ainda se pautam pelo ator/atriz na hora de escolher um filme. Este tema (o poder de atração de astros de cinema) foi abordado nesta mesma seção Insight em setembro deste ano no texto “A força de George Clooney” e em setembro do ano passado no texto “Quando dois astros se encontram”. A razão de o assunto estar sendo suscitado novamente, ainda que sob uma nova perspectiva, é a estréia de Homens em fúria. Um filme que passaria a esmo da percepção da platéia (como de fato está passando nos EUA), mas que ganha alguma relevância em virtude de seu par de protagonistas. Homens em fúria é uma produção independente, com um diretor de filmes independentes semi desconhecido e com um tema que não é palatável a qualquer platéia. Como vender um filme desse? Chamando atores com trânsito junto ao público (com pegada comercial), mas com vocação independente. Tanto Edward Norton que esteve em blockbusters como O incrível Hulk e em filmes menores como O despertar de uma paixão, quanto Robert De Niro (que ainda este ano estréia o terceiro Entrando numa fria) têm esse perfil.
Homens em fúria passa então a possuir um valioso hype. O segundo encontro de Robert De Niro e Edward Norton nas telas de cinema. Um trunfo em termos de marketing. E esse marketing mostra que é o star power a única concreta salvação para o cinema enquanto espetáculo para as massas. 3D, efeitos especiais, blockbusters e tudo o mais são variações que em si não se sustentam. A química dos astros, não entre si, mas com o público, ainda é o melhor investimento que Hollywood é capaz de bancar atualmente. É, também, o que rende melhores juros.

sábado, 23 de outubro de 2010

ESPECIAL HOMENS EM FÚRIA - A primeira cartada

O mundo do cinema aguardava com expectativas a reunião de três grandes destaques de três gerações diferentes em um mesmo filme. A cartada final (The score, EUA 2001), de Frank Oz, reunia Edward Norton, Robert De Niro e Marlon Brando, estabelecendo-se assim como o filme mais hypado do começo do novo século (a saga Harry Potter e a trilogia O senhor dos anéis viriam pouco depois). O filme também se eternizou por ser o último trabalho para cinema de Marlon Brando que faleceria 3 anos depois.

Trinca de respeito: De Niro, Norton e Brando fazem a alegria do cinéfilo em A cartada final


A cartada final é um ágil heist movie. Aquele tipo de filme com personagens charmosos e planos mirabolantes. No caso deste filme em particular, Robert De Niro vive Nick Wells, um ladrão profissional que decide se aposentar após quase ser pego com a boca na botija. A ideia de viver uma aposentadoria sossegada ao lado de sua namorada Diane (Angela Basset) ganha força. Contudo, um velho amigo de Nick (e também financiador de seus trabalhos) lhe procura com uma oferta para lá de atraente. Roubar um peça histórica de valor exorbitante. Nick é pressionado pelo amigo e instigado pelo colega do trabalho em questão, papel vivido com expressão por Edward Norton. O ator faz Jackie Teller, um habilidoso, mas agressivo ladrão, que está infiltrado no lugar em que a peça histórica fica guardada. A ideia do roubo, portanto, partiu dele. A relação entre Nick e Jackie se configura com elementos de rivalidade, admiração e desconfiança (como mandam as tradições do gênero) e são potencializadas pelas atuações prazerosas que o par de atores dispensa. Brando, por sua vez, opera no piloto automático; mesmo assim é um deleite assisti-lo.
A cartada final traz frases espertas, tensão genuína e o obrigatório final surpreendente. Afinal, Hollywood não cansa de admoestar sua platéia: ladrão que rouba ladrão, 1000 anos de perdão.

Cantinho do DVD

Robert De Niro está novamente nos cinemas. Mais uma razão para conhecer este que é um de seus últimos trabalhos e que não chegou a estrear nos nossos cinemas. Fora de controle é o que se convenciona chamar em Hollywood de inside joke. Aqueles filmes feitos sobre a indústria, por gente da indústria e para gente da indústria. Não deixa de ter sua graça (além da curiosidade antropológica) para nós outsiders do cotidiano hollywoodiano. Barry Levinson faz aqui um filme que embora trate de um modo de vida glamoroso não se anuncia como tal. Fora de controle pode não ser um grande filme, mas é sem dúvidas um entretenimento interessante. Principalmente para quem tem curiosidade de saber um pouco mais das idiossincrasias hollywoodianas


Ficha técnica
Título original: What Just Happened?
Direção: Barry Levinson
Roteiro: Barry Levinson
Elenco: Robert De Niro, Sean Penn, Kristen Stewart, Robin Wright, Bruce Willis, Catherine Keener e John Turturro
Gênero: Comédia
Duração: 100 min
Estúdio: Califórnia
Status: Disponível em DVD e Blu-ray para locação

 
 
Crítica
 
Vira e mexe Hollywood nos brinda com filmes sobre seus bastidores. Não obstante, esses filmes não fazem muito sucesso. Pois são considerados inside jokes que não são de todo compreendidas fora do círculo hollywoodiano. Uma série de TV (Entourage) muito elogiada conseguiu inverter essa lógica, mas Fora de controle (What Just happened? EUA 2008) restabeleceu-a com propriedade. O que não quer dizer que o filme dirigido e roteirizado pelo interessantíssimo - e sempre com algo a dizer – Barry Levinson seja ruim. Definitivamente este não é o caso. Fora de controle demonstra um vigor e um senso de auto ironia que acresce a fauna cômica do cinema americano. Acontece que a audiência não parece valorizar esse tipo de sátira. O público já demonstrara outras vezes ser mais receptivo a sátiras hollywoodianas que escrutinem outros universos, como o político por exemplo.
Na fita, Robert DeNiro vive Ben, um produtor de cinema que tem sua rotina espremida nas duas semanas que o acompanhamos. Seu filme, com premiere prevista para o festival de Cannes, não agradou nas exibições preliminares e ele precisa mediar as negociações entre o estúdio e o diretor. Paralelamente a isso, ele precisa lidar com surtos de estrelas e familiares. Uma combinação perigosa em que prevalecem dinheiro, esquisitices e dependências químicas. Robert DeNiro faz um protagonista aborrecido, mas que de alguma maneira não nos deixa perder o fascínio por ele e por aquele mundo. Sean Penn e Bruce Willis fazem participações especiais como eles mesmos e dão certa graça a piada interna que em momento algum Fora de controle esconde ser.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

ESPECIAL HOMENS EM FÚRIA - O novo encontro

Quando dois atores do calibre de Edward Norton e Robert De Niro se reúnem, qualquer pretexto para ir ao cinema é válido. Na verdade, não há necessidade de pretexto, já que conferir um encontro dessa magnitude apetece tanto cinéfilos quanto espectadores casuais. É esse, inegavelmente, o principal atrativo de Homens em fúria (Stone, EUA 2010). O filme que estréia hoje no Brasil e teve premiere mundial no festival de Toronto no mês passado opõe mais uma vez os dois titãs da interpretação. A primeira vez foi em 2001 no thriller de assalto A cartada final. No novo filme, Robert De Niro vive Jack, um veterano agente de condicional que a alguns dias da aposentadoria recebe o caso de Stone (Edward Norton) que foi condenado por um incêndio que matou seus avós e agora pleiteia a liberdade condicional. Portanto, o embate entre os atores se dá nas telas e na trama. “Abordando questões como religiosidade, ética, moral, fé e preconceito, Homens em fúria se presta a um elaborado estudo de personagem”, escreveu em seu site o crítico de cinema Roger Ebert. Para desequilibar ainda mais esse confrontamento, entra em cena Lucetta (a atriz Milla Jovovich), mulher de Stone que se aproxima de Jack para interceder a favor do marido e acaba se envolvendo sexualmente com ele.

Nove anos atrás: Norton e De Niro também brincaram de gato e rato em A cartada final 


Conflitos psicológicos: Dois homens que duelam com as próprias consciências colidem em Homens em fúria


O diretor John Curran, que já havia dirigido Norton no deslumbrante O despertar de uma paixão (2006) entende do assunto. Seus filmes captam seus personagens em contradição sexual e emocional. Foi assim em Tentação (2004) e no próprio O despertar de uma paixão em que Norton vive um diplomata que se apaixona pela mulher após ser traído pela mesma. Naquele filme o amor se avizinhava depois do desprezo e da raiva habitarem a relação.
Em Tentação, dois casais são tomados por uma crise existencial que desperta desejos, rancores e outros tipos de inquietação.
Homens em fúria estava previsto para estrear no dia 22 de outubro. A distribuidora, Imagem filmes, adiou a estréia para o dia 29, para depois adiantá-la novamente. Junto com a estréia do filme, começa o Especial Homens em fúria aqui em Claquete. Até o final do mês, todo dia, um post sobre o filme
 
O diretor Curran orienta Norton nos sets de Homens em fúria: atuações viscerais

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Crítica - Como esquecer

Adaptado do livro homônimo de Myriam Campello, Como esquecer (Brasil 2010) é um filme que se enamora de sua veia literária. Não é algo essencialmente ruim, mas que o enfraquece enquanto cinema. A sensação que fica é que as imagens estão lá por mero detalhe, a diretora Malu de Martino parece não confiar nelas. Nesse sentido, a narração da personagem Júlia (Ana Paula Arósio), abandonada por um amor e sofrendo do que classifica como perplexidade, agrava ainda mais essa problemática. Pois o off dissipa qualquer chance da platéia pensar e interiorizar a dor da protagonista. Esse recurso empobrece as possibilidades narrativas oferecidas pelo cinema.
No filme, a professora de literatura inglesa Júlia é abandonada pela namorada Antônia (a qual nunca vemos) e mergulha em um estado de depressão profundo. O amigo Hugo (Murilo Rosa) se investe da responsabilidade de tirá-la desse estado de catatonia emocional. Algumas sutilezas são bem vindas, como o fato dos três personagens principais estarem as voltas com angústias amorosas de alguma ordem. Cada qual a sua maneira tentam desautorizar a memória forte de um amor que já não desperta bons sentimentos.
Mas detalhes como este não se sobrepõem às más escolhas da realização. O roteiro, escrito por 4 pessoas, também não ajuda. Cenas pouco inspiradas e, muitas vezes, gratuitas como quando se discute a influência da vida de Virgínia Woolf em sua obra tentam cristalizar e sofisticar um filme que nunca excede o clichê.
As performances também são irregulares. Ana Paula Arósio é bem sucedida em tornar uma personagem antipática e pouco carismática em algo digno de atenção. De interesse. A atriz não só se enfeia para o papel da mulher imersa em sua tristeza como o faz com graça. Um paradoxo tão surpreendente que demonstra o talento de Ana que, a julgar por esta atuação, deveria se dedicar mais ao cinema. Murilo Rosa, por sua vez, começa patinando na composição que faz do amigo, também homossexual, de Júlia. Contudo, o ator melhora a medida que o filme se aprofunda no drama da personagem. Os demais atores parecem pouco convincentes em cena, em mais uma demonstração da falta de coesão do trabalho da diretora.
De positivo, Como esquecer traz o tom adequado que falta, ainda, a muitas produções que se esmeram em personagens homossexuais. Não há estereótipos nem panfletarismo na obra. Os conflitos dos personagens são universais e Malu de Martino resiste a tentação de emoldurar um discurso em seu filme.

Panorama - Violência gratuita




Em 2008 Michael Haneke resolveu visitar Michael Haneke. O diretor rodou o remake americano de um de seus filmes mais “desagradáveis”. Violência gratuita ou Funny games US (EUA 2008) foi muito criticado por fãs e críticos de cinema. Eles entenderam que Haneke cedeu a um impulso comercial e que não havia razão de refilmar, quadro a quadro, uma obra que já era tão completa. A verdade é que eles estavam certos. Mas a reação virulenta ao trabalho de Haneke não se justificava. O diretor apenas vislumbrou alcançar um público mais amplo com uma fita americana e estrelada por Naomi Watts, Tim Roth e pelo darling indie Michael Pitt.
A trama de Violência gratuita gira em torno de uma família em veraneio que é surpreendida por dois jovens em estado elevado de sadismo. O que os jovens querem é brincar. Mas a concepção aí engloba torturas de toda a ordem: física, emocional e sexual.
Aqui Haneke está no auge de seu cinismo e critica severamente a postura anestesiada da classe média. Contudo, seu filme também pode ser lido como uma elaborada (e porque não hedionda) demonstração da perversidade humana. Não há nada na versão americana que a diminua em relação ao original austríaco de 1997; apenas a urgência do registro e, talvez, um alvo subliminar de Haneke. Muita gente vira um ataque ao american way o life com o filme de 1997. Para esses, a simples existência do remake é uma blasfêmia. Na verdade, é uma prova de que viram coisa demais.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

TOP 10

Na última edição de TOP 10, o destaque recaiu sobre os cinquentões mais charmosos do cinema. Pois bem, nada mais justo do que retroagir uma década e dar uma boa olhada naqueles que já caminham para desafiarem os integrantes daquela lista. Com vocês os 10 quarentões mais charmosos do cinema. Fiquem ligados! No próximo TOP 10 será a vez das quarentonas que ainda dão um caldo.




10 – Matt Damon


40 anos

De gênio indomável a Bourne, Damon se viu um quarentão em Hollywood. Ator badalado com trânsito em projetos comerciais como Ligado em você e a trilogia Bourne, Damon também agrada diretores consagrados como Martin Scorsese e Clint Eastwood. Ah! Agrada as mulheres também!



9 – Johnny Depp

47 anos

Ele talvez seja o maior astro de cinema da atualidade. Gente como Brad Pitt e Robert Pattinson pode atrair mais mídia, mas Depp atrai mais dólares nas bilheterias (é o único ator que tem dois filmes no clube do bilhão de dólares de bilheteria). Só por esse fato, o ator já entraria em uma lista de mais charmosos. Fazer isso aos 47 anos e ainda ser bom pai e marido (o que graças a Deus também atraí mídia) só ratificam sua posição nessa lista. Ah! Não precisa mencionar que ele é o ápice da definição de cool, né?



8 – Russel Crowe

46 anos

E como em uma lista de mais charmosos, sexy ou similares não pode faltar um esquentadinho, aqui está o australiano, que na verdade nasceu na Nova Zelândia, Russel Crowe. Cabeludo, careca, musculoso, fora do peso, com trajes romanos ou como policial honesto, Crowe cativa e intriga.



7 – Hugh Jackman

42 anos

Stan Lee certamente nunca pensou que o baixinho e truculento Wolverine fosse ser tão sexy em sua encarnação cinematográfica. Mas o que são detalhes, certo? Jackman já foi lorde inglês, advogado misterioso, caçador de bestas, apresentador do Oscar, dançarino, cantor...
Seria redundante dizer que essa pluralidade tem seu charme?



6 - Tom Cruise

48 anos

Ele já não tem o fôlego de outrora. A beleza também já não é a mesma, mas poucos astros esbanjam a simpatia de Tom Cruise. Poucas celebridades, também, são afeitas a declarações escandalosas de amor. Pode ser brega, mas também pode ser muito charmoso. Depende de cada gosto. Certamente com Tom Cruise, a balança não deve estar equilibrada...



5 – Javier Bardem

41 anos

Que Antonio Banderas que nada! Se existe um espanhol que faz as mulheres suspirarem hoje é Javier Bardem. Mais talentoso e carismático do que o amigo, Bardem pode até ser mais feio, mas ganha no quesito virilidade. As mulheres que confirmem (ou não) tal constatação.



4 – Clive Owen

48 anos

Algumas revistas femininas já cravaram. Clive Owen é a principal referência feminina quando o assunto é homem. Por quê? Bem, não será em Claquete que você vai achar essa resposta...



3- Robert Downey Jr.

45 anos

Atualmente ele é o bicho papão em termos de charme. Seja em um filme de ação com muitos efeitos especiais como Homem de ferro ou em um filme de ação com poucos efeitos especiais como Sherlock Holmes. Estes são filmes com muito Robert Downey Jr. Por que você acha que a mulherada animou assistir dois dos grandes sucessos de bilheteria de 2010?



2- Brad Pitt

46 anos

Bonito. Altruísta. Engajado. Calma, ainda não estamos falando de George Clooney. Mas de seu chapa Brad Pitt. Ator cada vez mais respeitado, Pitt talvez só não esteja na primeira posição porque celebrizou a infidelidade. Traiu Jennifer Aniston para constituir o casal mais famoso do planeta terra. Esse tipo de atitude não agradou muito a mulherada. Mas deixa ele tirar a camisa em cena para você vê se elas lembram disso....



1- George Clooney

49 anos

Ele está prestes a se despedir do clube dos quarentões. Mas se despede com estilo. Clooney é o James Bond da vida real, na falta de uma definição melhor. Solteiro convicto, com residência fixada na Itália e dono de um sorriso matador, o ator, produtor, roteirista e diretor é desde já favorito a liderança de uma próxima lista dos cinqüentões.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Claquete destaca

+ O governo da Bósnia proibiu Angelina Jolie de rodar cenas de seu filme no país. A proibição foi resultado de um protesto de algumas associações civis a um dos motes da história que dá conta de uma mulher bósnia que se apaixona por um soldado sérvio que a violentara anteriormente. Angelina alegou tratar-se de um romance e não de um filme político e se disponibilizou para prestar esclarecimentos a quem julgar necessário.


+ Ontem o ministro da cultura da Bósnia revogou o cancelamento da permissão para Angelina filmar no país. O que quer dizer que a atriz está, novamente, autorizada a rodar cenas de seu primeiro filme como diretora na Bósnia. A expectativa é de uma agenda de filmagens conturbada naquele país, já que há desacordos entre várias entidades civis e alguns representantes políticos com relação ao caso. Mais sobre esse imbróglio na seção De olho no futuro deste domingo.


+ Está confirmado. Darren Aronofsky é o diretor de X-men origens: Wolverine 2. O diretor agendou o início das filmagens para março de 2011 em Nova Iorque. Logo depois do término da temporada de premiações da qual Aronofsky espera fazer parte com seu Cisne negro.


+ As filmagens de Missão impossível 4 seguem a todo vapor. O site Comingsoon.net divulgou novas imagens da produção prevista para o natal de 2011. Nelas podemos ver os atores Tom Cruise e Jeremy Renner contracenando e o galã de Lost Josh Holloway tentando manter a aparência calma nos sets de filmagem.


+ Surgiram rumores de que a Sony estaria atrás de James Cameron para rodar o filme baseado no livro Cleópatra: a life que será estrelado por Angelina Jolie. James Cameron, em entrevista ao jornal New York Times,  confirmou o contato e segundo o site Deadline Hollywood as negociações já estariam avançadas. Contudo, pesa contra a possibilidade o fato de Cameron ter pelo menos três projetos engatilhados para os próximos anos.


+ A Marvel e a Disney anunciaram o lançamento de Homem de ferro 3 para maio de 2013. Foi anunciado também que a Disney pagará a multa rescisória de U$ 115 milhões para a Paramount pelos direitos de distribuição do filme Os vingadores em 2012. O filme do supergrupo da Marvel seria o último sob distribuição da Paramount pelo acordo travado na ocasião da aquisição da Marvel pela Disney. Dessa maneira, Thor e Capitão América: o primeiro vingador, ambos com lançamento em 2011, serão os últimos filmes da Marvel distribuídos pela Paramount.