domingo, 4 de abril de 2010

Os 25 melhores filmes da década: 8 - Gran Torino

“Eu confesso que não tenho nenhum desejo de me confessar”


Sinopse
Walt Kowalski é um veterano da Guerra da Coréia, cheio de preconceitos, que está aposentado. Após a morte da mulher ele tem de lidar com os filhos que querem lhe internar em um asilo e com os vizinhos imigrantes hmong, vindos do Laos, os quais Walt despreza. Ressentido e desconfiando de todos, Walt apenas deseja passar o tempo que lhe resta de vida. Até que Thao, seu tímido vizinho adolescente, é obrigado por uma gangue a roubar o carro de Walt, um Gran Torino. Walt consegue impedir o roubo, o que faz com que se torne uma espécie de herói local.

Comentário
Um memorial sobre compaixão e tolerância vindo de um homem até então conhecido por suas posições inflexíveis. Gran Torino é Clint Eastwood revendo o próprio mito no cinema e relativizando a postura da América no mundo. Um filme de muitas nuanças que podem passar batido em um primeiro momento. Gran Torino é também um drama poderoso sobre fé, imigração, preconceito, redenção e amizade. Como Clint Eastwood conseguiu manipular tantos elementos de maneira tão bem resolvida e mantendo a simplicidade do relato, não é um mistério. É uma demonstração eloquente de sua segurança enquanto cineasta. Como ator ele tem aqui um de seus melhores momentos também. Como um velho ranzinza cheio de preconceitos e ressentimentos que se abre para uma experiência transformadora, Eastwood alcança a plenitude como ator. Se esse for mesmo seu último trabalho a frente das camêras, configura-se uma injustiça incorrigível. Não ter premiado esse monstro sagrado do cinema que no auge como cineasta não abdicou da excelência como intérprete.


Prêmios
Melhor filme estrangeiro pela academia de cinema do Japão, da Argentina, da Espanha, do México, da Itália e da China; César de melhor filme estrangeiro; indicado ao critic´s choice award de melhor ator; indicado ao Globo de Ouro de melhor canção; 2 prêmios do National Board of Review (melhor ator e melhor roteiro);

Curiosidades
- Os atores da etnia hmong foram selecionados em Detroit e são, em sua maioria, amadores
- Quando Clint Eastwood anunciou o projeto, muitos pensaram se tratar de um novo filme do policial Dirty Harry. Na verdade, uma parte considerável da critica americana, considera Gran Torino uma despedida informal do personagem feita por Clint
- A canção do filme foi composta por Clint Eastwood que a interpreta junto ao cantor e pianista Jamie Cullum
- Segundo Eastwood, esta foi sua despedida do cinema como ator
- O presidente francês Nicolas Sarkozy declarou recentemente que este é seu filme favorito

Ficha técnica
título original:Gran Torino
gênero:Drama
duração:01 hs 56 min
ano de lançamento:2008
estúdio:Warner Bros. / Village Roadshow Productions
distribuidora:Warner Bros.
direção: Clint Eastwood
roteiro:Nick Schenk
produção:Bill Gerber, Clint Eastwood e Robert Lorenz
música:Kyle Eastwood e Michael Stevens
fotografia:Tom Stern
direção de arte:John Wamke
figurino:Deborah Hopper
edição:Joel Cox e Gary Roach
elenco: Clint Eastwood, John Carroll Lynch, Christopher Carley, Bee Vang e Ahney Her
Fonte:arqquivo pessoal



8 comentários:

  1. Pense num filme que considero ser totalmente superestimado. Acho que o Clint vai acertando no relato da história de seu personagem principal até o ato final, quando o filme perde os eixos, para mim. Fora que o Eastwood estava desleixado em aspectos que ele sempre trata com carinho, como as atuações. Os dois atores jovens com quem ele contracena são horríveis!!!

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  2. É Ka, eu sei que vc tem séria resistência a esse filme. Me lembro de que debatemos sobre ele algumas vezes ( quando vc publicou sua critica sobre O visitante, quando eu o listei como o melhor filme exibido no país no ano passado, entre outras vezes). Contudo, para mim, é um trabalho excepcional. E o final, é justamente, onde reside sua maior força. É ali que todo o comentário de Eastwood (sobre a américa, sobre sua figura, e sobre vingança e tolerência) se materializa. Vc não esperaria aquilo do perseguidor implacável. Enfim, esse filme está fadado a ser um dos pólos de discordância entre nós. rsrs
    Bjs

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  3. Filmaço! Você já sabe o que penso sobre Gran Torino, mas tenho o prazer de reforçar que a beleza do filme é exatamente a redenção que não é só a redenção de Walt Kowalski, é a de uma América. Um final trágico mas belíssimo que configura o morrer no lugar de todos nós, pagar o pecado da América. bjs!

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  4. Gosto muito deste filme. Contudo não sei se estaria na lista dos 25 mais... certo é que pra mim, Gran Torino é a melhor produção de Clint nesta década.

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  5. Sou muito desligado nesse lance de cinema... Mas curto muito e admiro quem entende. Parabéns pelo blog! Visite-me também, tenho dois blogs sobre TV:

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    (opiniões próprias sobre TV)

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    abração!

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  6. Madame: Pois é madame. Esse é uma de nossas mais reluzentes concordâncias não é msm?! Um filmaço, como vc bem disse. Bjs

    Fernando: Pois é Fernandão. Não é um filme apoteótico e acho que por isso, ele acaba preterido em muitas listas. Se prepare que vem mais Clint por aí nesse ranking dos 25 melhores filmes da década. Acho que vc já até faz uma idéia dos filmes... rsrs ABS

    Augusto César: Oi Augusto tudo bem? Prazer em recebê-lo. Espero que possa vê-lo por aqui mais vezes e se quiser se ligar em cinema é só vir aqui em Claquete. Tem de tudo! Notícias, críticas, análies, reflexão, coberturas especiais, reportagens... te garanto que vc vai gostar.
    Estou indo lá no seu blog agora!
    Grande abraço!

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  7. Humm,um tanto quanto polêmica a escolha, eu achei. Não colocaria "Gran Torino" nem entre os 25 melhores filmes do ano! rs. Mas vamos lá: embora muito expositivo, o filme começa bem. Sem muitos rodeios, somos apresentados ao ranzina interpretado com maestria por Clint Eastwood e sua família ingrata. O que eu não engoli foi a personalidade do protagonita ter sofrido uma volta de 360º repentinamente. Nãose tem um processo pelo qual acompanhamos tudo isso. Repentinamente, Clint se torna um doce de pessoa etc. E o relacionamento dele com o padre é risível de tão forçado. O roteiro, em suma, é preguiçoso e muito convencional.

    Aprovo as discussões levantadas pelo filme, mas merecia estarem configuradas em uma película melhor - e com um elenco melhor.


    abs!

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  8. Pois é Elton. Esse e Do que as mulheres gostam foram os filmes da lista que mais suscitaram polêmicas. E eu as entendo perfeitamente. Acho inclusive saudável que elas surjam.
    Bem, não penso que o protagonista dá um giro de 360o no filme. Para mim ele continua o mesmo. Morreu sendo o mesmo. Há sim uma "conscientização" podemos chamar assim. Mas do outro. Ou seja, Walt deixa de lado seu egocentrismo. Essa é a caracteristica mais marcante do filme e do personagem. Me arrisco dizer que foi a única transformação pela qual o personagem,de fato, passou. Tudo o mais veio a reboque. Ele continuava intratável, ranzinza e preconceituoso. Seu ato final, nesse sentido, não deixa de ser uma redenção tb. Por isso e tudo o mais esse filme é tão magistral na minha opinião. Mas essa percepção, eu concordo, pode ser bem particular. Mas revendo o filme, te aconselho a exercer esse olhar. Está lá. Pode acreditar!
    ABS

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